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Bebê que teve morte atestada por engano passará por cirurgia nesta terça em Porto Alegre

O bebê que teve a morte atestada por engano em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, vai passar por cirurgia em Porto Alegre nesta terça-feira (25) pela manhã. A assessoria do Hospital da Criança Santo Antônio afirmou que o procedimento consiste na retirada de um dreno infectado e colocação de uma drenagem externa.

Trata-se de uma cirurgia complexa, que envolve equipe de cirurgia cardíaca, pediátrica e neurocirurgião. Após o final, será divulgado o estado de saúde da menina.

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Segundo o pai da criança, o borracheiro Marcos Renato dos Santos Cézar, os médicos disseram que o procedimento cirúrgico é de alto risco. “É mais grave do que a gente imaginava, mas vai dar tudo certo”, diz, otimista.

Essa será a 16ª cirurgia da menina devido a sequelas no cérebro e no sistema cardiovascular. Ela nasceu em fevereiro do ano passado no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde foi atestado o óbito da menina. Desde então, já foi internada nove vezes. O bebê estava na unidade pediátrica do Husm desde agosto deste ano, última vez que foi internado.

Como precisava passar por um procedimento que não poderia ser realizado em Santa Maria, a criança foi transferida para a capital gaúcha, a partir de uma decisão da Justiça Federal do Rio Grande do Sul. Ela chegou a Porto Alegre na noite da última sexta-feira (21).

Transferência

O juiz federal João Batista Brito Osório emitiu a decisão da transferência da menina na madrugada da última sexta (21). No documento, ele relata que, diante da grave situação, determinou que a servidora de plantão entrasse em contato com hospitais aptos a realizarem o procedimento, mas que nenhum informou a possibilidade de internação da criança.

Conforme o documento, o próprio juiz então contatou diretamente o médico cardiologista Fernando Luchese, diretor do Hospital da Criança Santo Antônio, solicitando que encontrasse uma solução para possibilitar o encaminhamento da menina. O médico atendeu o pedido e informou que abriria a vaga em UTI pediátrica.

Na segunda-feira (17), a 3ª Vara Federal de Santa Maria já havia emitido uma decisão determinando que ele fosse transferido para o Hospital Moinhos de Vento. Conforme o documento, os custos deveriam ser pagos pelo Estado do Rio Grande do Sul.

Porém, o hospital informou por meio de petição que não tinha condições de receber a paciente por não dispor de leito na CTI Pediátrica. “Os 10 leitos de CTI Pediátrica estão ocupados, e no momento não há perspectiva de alta para os pacientes lá internados”, declarou a instituição.

Procurado pela reportagem, o hospital acrescentou que “um procedimento cirúrgico com essa complexidade requer cuidados especiais em unidade intensiva”.

Atestado de óbito

Segundo a família, os médicos atestaram que a criança nasceu sem vida após uma cesariana de emergência. “Disseram para mim que tínhamos perdido ela”, lembra o pai da menina. A família entrou com um processo contra o hospital e a Polícia Federal está investigando o caso.

O atestado de óbito chegou a ser feito, informando que o bebê havia sofrido óbito fetal, sofrimento fetal agudo, deslocamento prematuro de placenta e hipertensão gestacional. Os familiares contam que a menina foi levada pela equipe do hospital e, seis horas depois, uma médica chamou a família para dizer que a criança poderia estar viva, o que de fato se confirmou.

“Eu fiquei feliz que a minha filha estava viva. E depois eu senti muita raiva, porque eu fiquei pensando: ela ficou esse tempo todo sozinha? Só enrolada em um paninho? Sem nenhum equipamento? Prematura? Com 1,6 mil kg, morrendo de hipotermia? Eu podia ter enterrado a minha filha viva”, afirma a mãe da criança, Tieli Martins.

O pai classifica a situação como “pesada”, e conta que chegou a verificar o que seria necessário para o enterro da criança.

O Husm diz que o bebê nasceu em parada cardiorrespiratória e que foram feitas todas as manobras de reanimação, com tempo até maior do que o recomendado, e, no momento, a criança não reagiu, o que motivou a constatação do óbito fetal.

A criança, então, foi levada para uma sala anexa ao bloco cirúrgico e horas depois voltou a apresentar sinais vitais. Imediatamente, foi encaminhada para a UTI Neonatal.

A família registrou ocorrência na polícia. O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) vai abrir uma sindicância pra investigar o que aconteceu.

“Uma criança que nasce sadia de parto normal merece atenção. Um prematuro, atenção redobrada”, afirma o delegado interino do Cremers Santa Maria, João Alberto Larangeira.

Redação de Jornalismo

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