Após sequência de chacinas no RS, secretário de Segurança volta a defender endurecimento na lei

Em um mês, foram registradas cinco chacinas no estado: um triplo assassinato em Porto Alegre, um triplo homicídio em Alvorada, quatro mortes em Rolante e, no último fim de semana, quatro assassinatos em Santa Rosa e outros quatro em Arroio dos Ratos. Embora não tenha todos os números consolidados deste mês, que serão divulgados em outubro, o secretário de Segurança Pública do RS, Sandro Caron, destaca que 90% dos assassinatos ocorridos em um mês estão relacionados ao tráfico de drogas.

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Em entrevista exclusiva, na qual ele analisa esse recorte, Caron também voltou a defender uma mudança na legislação penal.

“Via de regra, o percentual aqui no estado e no Brasil é que, de cada 10 homicídios, oito têm relação com o tráfico de drogas. O que a gente tem visto este mês é que esse percentual chega a 90%. Então, temos um trabalho de asfixia financeira, que é tirar dinheiro dos grupos criminosos. Como é que se faz isso? Com investigações da Polícia Civil. É em cima da lavagem de dinheiro, onde estão os bens e recursos financeiros desses grupos, para que a gente consiga congelar os valores em contas bancárias e daí conseguimos sequestrar os imóveis e apreender veículos. Com isso, enfraquecemos os grupos, mas está faltando uma lei que faça com que as lideranças do crime organizado, presas e que respondem por vários homicídios, fiquem efetivamente presas por muito tempo — o que não é o que ocorre no Brasil. Repito: a nossa lei é frouxa com quem pratica crimes violentos, não é? A gente tem visto, agora, uma discussão em nível nacional em razão das queimadas que vêm ocorrendo em outros estados, com incêndios criminosos. A gente tem visto uma discussão muito importante sobre a necessidade de aumentar a pena de pessoas que, dolosamente, colocam fogo nas nossas matas e na natureza. Mas, infelizmente, eu não vejo a mesma discussão em relação ao homicídio e ao tráfico de drogas, que são as grandes mazelas que atingem toda a população brasileira no dia a dia. Temos que acabar com essa política de ‘prende e solta’; isso não ocorre só no Rio Grande do Sul.”

Na entrevista, o secretário destacou o reforço na segurança com operações da Brigada Militar e adiantou que duas pessoas foram presas em Santa Rosa. Caron ainda disse que é muito difícil prever esse tipo de crime, porque são disputas regionais do tráfico de drogas e não um movimento no estado inteiro.

“Não são questões que envolvem o movimento em nível de estado, são locais. São desavenças entre alguns traficantes, de pessoas que têm uma atuação apenas regional. Temos buscado uma repressão permanente ao tráfico de drogas, mas, como não há um movimento em nível de estado, às vezes é algo até pessoal entre traficantes.”

Embora não descarte a transferência de presos para outros estados, o secretário de Segurança, Sandro Caron, afirma que essa não seria uma medida imediata para coibir mais chacinas no estado.

“Até o momento, pelo que temos, não se vislumbra a necessidade de transferência das pessoas ligadas a esses fatos para fora do estado. Mas, obviamente, alguma transferência de um estabelecimento para outro aqui, se necessário, vai ser solicitada à polícia penal. O fato agora é que nós colocamos reforço nessas cidades com a Brigada Militar, em especial o Choque das forças táticas. A Polícia Civil também tem reforço para prendermos todos os autores envolvidos nesses crimes, né? A questão é muito clara: a gente trabalha, produz provas. A ideia é prender e torcer para que fiquem efetivamente presos.”

Confira a íntegra da entrevista sobre as chacinas com Sandro Caron

Atualização sobre as chacinas: caso em Arroio dos Ratos

A Polícia Civil aponta que o local do crime era a casa de parte das vítimas, mas também era usado como ponto de tráfico de drogas, o que indica a principal hipótese de motivação para o crime. Entre os mortos estão pai e dois filhos: José Antônio da Silva, 56 anos; Maicon Júnior de Oliveira da Silva, 30; e Kauã Oliveira da Silva, 15. O parentesco da quarta vítima, identificada como Antônio Carlos Romeiro Lopes, 59, não foi informado.

Com exceção do adolescente, a polícia afirma que os mortos eram ligados a uma facção criminosa com origem na zona leste de Porto Alegre e tinham vínculos antigos com a criminalidade.

Segundo a Polícia Civil, as quatro pessoas assassinadas na madrugada de domingo (22) em Arroio dos Ratos estavam rendidas pelos assassinos quando foram executadas com disparos de pistola e espingarda calibre 12. Segundo a investigação, ao entrarem na casa, os dois assassinos se apresentaram como policiais.

A polícia trabalha com algumas linhas principais, todas ligadas ao tráfico de drogas, entre elas a possibilidade de uma disputa com um grupo rival da região ou até mesmo uma disputa interna na mesma facção.

 

Airton Lemos

Sou repórter. Jornalista há 13 anos, formado pela Ulbra.

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