Foto: Pixabay
Pesquisadores da China descobriram um novo tipo de coronavírus, denominado HKU5-CoV-2, que apresenta alta afinidade para se conectar e infectar células humanas, assim como o SARS-CoV-2, o agente causador da pandemia de covid-19. O novo vírus foi encontrado em morcegos e identificado pelo Instituto de Virologia de Wuhan. A descoberta foi detalhada em um artigo publicado na revista científica Cell.
De acordo com o estudo, o HKU5-CoV-2 utiliza o receptor ACE2 (Enzima Conversora de Angiotensina 2) para infectar células humanas, o que também era a porta de entrada do SARS-CoV-2. A pesquisa destaca que, enquanto os coronavírus da família merbecovírus eram considerados capazes de entrar nas células por meio do receptor DPP4, o HKU5-CoV-2 consegue acessar células de outros mamíferos via ACE2, apresentando uma importante base estrutural para essa interação.
Pertencente à família dos coronavírus e especificamente à subfamília dos merbecovírus, o HKU5-CoV-2 se junta a outros patógenos conhecidos, como o responsável pela epidemia de Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) entre 2012 e 2015. O estudo revela que os merbecovírus encontrados nos morcegos do gênero Pipistrellus apresentam um alto risco de spillover, ou seja, a adaptação para infectar humanos, diretamente ou através de hospedeiros intermediários, como pangolins e visons.
O infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp, alerta que a descoberta do HKU5-CoV-2 “desperta atenção”, devido à possibilidade de mutações futuras que poderiam permitir ao vírus uma maior eficiência de transmissão para os humanos. Ele ressalta que, por enquanto, o HKU5-CoV-2 não se liga às células humanas com a mesma eficácia do SARS-CoV-2, mas já demonstrou capacidade de infectar células de órgãos humanos cultivadas em laboratório.
Apesar das preocupações, o especialista aponta que ainda é cedo para alardear qualquer tipo de emergência, já que não há evidências concretas de que o novo coronavírus seja patogênico. “Ainda não é possível afirmar se esse novo tipo de coronavírus pode causar uma doença grave ou até um simples resfriado”, explica Naime, que também é coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Uma questão relevante nesse contexto é que, caso o HKU5-CoV-2 evolua, as vacinas desenvolvidas para o combate ao SARS-CoV-2 podem não ser eficazes. “Essa nova linhagem é completamente diferente dos vírus anteriormente identificados e provavelmente não terá a resposta imune criada pelas vacinas já existentes”, adverte o especialista.
Naime enfatiza a importância de realizar vigilância genômica contínua dos vírus respiratórios em animais. Esse tipo de monitoramento permite analisar os genomas de agentes infecciosos, identificar semelhanças e diferenças entre cepas circulantes e coletar dados necessários para controlar patógenos emergentes antes que possam se tornar uma ameaça à saúde pública.
Por fim, o infectologista ressalta que a pandemia de covid-19 evidenciou a importância de sistemas de alerta precoce para novas doenças, a necessidade de aprofundar pesquisas sobre vírus zoonóticos e fortalecer a cooperação internacional na vigilância de patógenos emergentes. O acompanhamento rigoroso dessas mutações virais será crucial para prevenir futuras pandemias e proteger a população global.
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