Direção do Hospital de Camaquã se pronuncia sobre o caso de jovem vítima de pancreatite. Foto: Alice Campos/Acústica FM
Na manhã desta segunda-feira (24), a diretoria do Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) de Camaquã concedeu uma entrevista para a Rádio Acústica FM em resposta ao falecimento de Bruno de Leon, um jovem de 25 anos que morreu em decorrência de um quadro de pancreatite. O presidente do hospital, Otávio Morais, e o diretor Abílio Machado, abordaram as alegações de negligência médica feitas pela família e amigos do paciente.
Nesta segunda-feira (24), o Hospital Nossa Senhora Aparecida (HNSA) expôs, em entrevista, o posicionamento da direção da entidade sobre o caso de Bruno de Leon, 25 anos, desencadeou protestos de familiares e amigos, que apontam para suposta negligência e imperícia no atendimento médico.
Em meio à pressão pública, a direção da instituição, representada pelo presidente da Fundação, Otávio Moraes, e pelo superintendente, Abílio Machado, detalhou as providências tomadas desde o primeiro contato com a família. Logo após os relatos circularem nas redes sociais, o hospital agiu de forma proativa:
“A família, em nenhum momento, solicitou o contato direto com a diretoria. Ainda assim, a instituição, preocupada com a transparência, buscou os números de telefone constantes nos prontuários e marcou uma reunião para ouvir a família. Durante esse encontro – realizado na terça-feira (18), foram entregues, por meio de protocolo oficial, todos os documentos disponíveis, totalizando mais de 100 folhas de registros médicos”, Otávio Moraes destacou.
Abílio Machado explicou que a sindicância terá como um de seus objetivos:
“Ouvir todas as partes envolvidas, incluindo a família, que já está assistida por sua advogada, e também os profissionais que atuaram no atendimento, sempre preservando o direito ao contraditório”. Ressaltou, ainda, que o processo será presidido pelo diretor técnico da instituição, garantindo que a análise seja isenta e fundamentada em todos os fatos coletados.
Durante o bate-papo, a diretoria enfatizou que, embora a instituição assuma a responsabilidade de acolher e responder à sociedade, “o ato médico é competência exclusiva dos profissionais de saúde”. Assim, o papel do Hospital Nossa Senhora Aparecida não é interferir na conduta clínica, sendo que todas as ações – desde a internação até a alta pedido – são registradas no prontuário de forma a garantir total transparência.
Outro aspecto abordado diz respeito à contratação e à avaliação dos profissionais que atuam na instituição. Mesmo com a terceirização das escalas médicas, o diretor técnico realiza uma triagem rigorosa, verificando o registro de CRM e demais qualificações, assegurando que somente profissionais aptos atuem no hospital. Até o momento, a instituição informa que, em sua gestão, casos semelhantes ao ocorrido com Bruno de Leon nunca haviam motivado uma sindicância externa – medida esta que agora se faz necessária para esclarecer pormenorizadamente os fatos e promover a responsabilidade de todos os envolvidos, se comprovadas eventualidades.
A entrevista também abordou as dificuldades inerentes à gestão dos leitos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O relato destacou a existência do “gerente” estadual, que, nos casos de transferências e disponibilização de vagas em hospitais de alta complexidade, atua de forma independente da direção hospitalar. Essa organização, segundo os entrevistados, segue procedimentos pré-estabelecidos e, mesmo diante de deficiências estruturais – como a limitação na realização de determinados procedimentos, por exemplo, na área de urologia – a instituição procura sempre manter o foco na prestação de um atendimento seguro e qualificado.
A repercussão do caso gerou um debate sobre a responsabilidade dos hospitais em casos semelhantes e a confiança da população nos serviços de saúde. Familiares e amigos aguardam por mais esclarecimentos e pela conclusão da sindicância, que promete trazer à tona as verdades sobre o tratamento recebido por Bruno de Leon.
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