Centenas de pessoas, entre professores, pesquisadores, estudantes e profissionais ligados às Ciências Agrárias, acompanharam, na manhã desta quarta-feira (12/09), as discussões sobre os efeitos dos agrotóxicos nos alimentos, na saúde humana e no meio ambiente. O debate fez parte do Encontro Gaúcho sobre Agrotóxicos, Receituário Agronômico e Alimento Seguro, evento promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), realizado no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa do Estado, em Porto Alegre.
O primeiro painel da manhã contou com a participação do diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus, e da biomédica da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz-RJ), Karen Friedrich, que abordaram os efeitos dos agrotóxicos nos alimentos, na saúde humana e no meio ambiente. Karen ressaltou que cerca de 80% da venda de agrotóxicos é destinada à produção de soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. “As grandes commodities são as responsáveis pela maior utilização de agrotóxicos no Brasil”, afirmou Karen.
Baseando-se em diversas pesquisas acadêmicas, a biomédica afirmou que os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde humana podem ser agudos, como alergias, vômitos e dor de cabeça, e crônicos, que aparecem muito tempo depois do contato com estes produtos, como câncer, desregulação do sistema hormonal, neuropatias e diminuição da fertilidade. Karen também chamou a atenção para a presença de agrotóxicos nos alimentos como carnes, frutas, legumes, processados e até no leite materno. “A água também pode ser fonte de contaminação, mas o monitoramento não é adequado no Brasil e não sabemos a qualidade da água que ingerimos”, alertou.
O diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus, iniciou a sua participação comentando a aprovação, na terça-feira (11), pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do RS, do Projeto de Lei nº 78/2012, que altera a Lei Estadual nº 7.747/82, flexibilizando a legislação dos agrotóxicos no Estado. Pelo novo texto, fica vedado ao órgão estadual exigir a comprovação de autorização de uso no país de origem. “É um retrocesso, ainda mais se considerarmos o pioneirismo do Rio Grande do Sul ao criar, na década de 80, a Lei dos Agrotóxicos, que serviu de base para a legislação federal”, lamentou Paulus.
Paulus também destacou o crescimento da utilização de agrotóxicos no país, que hoje é o maior consumidor mundial, passando de cerca de 600 milhões de litros em 2002, para 850 milhões de litros em 2011. “O aumento no consumo foi muito maior do que a expansão da área cultivada, ou seja, hoje o produtor está utilizando uma quantidade maior de agrotóxicos por hectare”, frisou o diretor técnico da Emater/RS.
Monocultura
Em um mapa, Paulus demonstrou que o uso de agrotóxicos no Brasil é maior em áreas de monocultura. “A Metade Norte do Rio Grande do Sul, onde se concentra a produção de grãos, é uma das regiões de maior consumo de agrotóxicos no país. O mesmo acontece nos estados do Mato Grosso, São Paulo e Paraná, onde a monocultura é intensa”, ressaltou.
“Quem disse que pequenas doses, acumuladas durante anos, não causam malefícios ao trabalhador?”, questionou Paulus, referindo-se aos efeitos dos agrotóxicos à saúde humana e ao aumento do limite de tolerância. “No caso do glifosato, o limite foi aumentado em 50 vezes, graças à força da indústria envolvida na elaboração destes produtos”, explicou.
Por fim, o diretor técnico da Emater/RS elencou algumas medidas que podem ser tomadas para a redução e até eliminação do uso de agrotóxicos como, por exemplo, o fomento à produção técnica e científica e o investimento em pesquisas na área da Agroecologia, a sensibilização de técnicos e produtores rurais para sistemas alternativos de produção, e o estímulo de práticas agrícolas sustentáveis. “Tenho a absoluta convicção de que podemos manter e até elevar a produção, utilizando menos agrotóxicos ou até mesmo nem os utilizando”, finalizou.
A programação do Encontro Gaúcho sobre Agrotóxicos, Receituário Agronômico e Alimento Seguro prossegue nesta quinta-feira (13/09), a partir das 8h30, no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre.
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