Polícia

Audiência pública articulada pela bancada negra vai discutir o Hino do RS na próxima semana

Uma audiência pública articulada pelos deputados estaduais da Bancada Negra gaúcha vai discutir na próxima segunda-feira (3) o Hino Rio-grandense e os projetos que tramitam na Assembleia Legislativa sobre o tema. Entre eles uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 295/2023) que versa sobre a imutabilidade dos símbolos do Rio Grande do Sul, inclusive o hino do Estado.

Os parlamentares Bruna Rodrigues (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL) e Laura Sito (PT), que compõem a primeira Bancada Negra do legislativo gaúcho, salientam uma das principais demandas do movimento negro gaúcho, discutida desde pelo menos a década de 1970, que é a necessidade de alteração de um trecho do hino que afirma que “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Os deputados apontam que este trecho é considerado racista uma vez que a estrofe compara o que o povo negro gaúcho – majoritariamente escravizado à época – foi submetido: à escravidão – e que por isso não possuíam virtude. Reiteram, ainda, a necessidade de pensar os símbolos do Estado (especialmente o Hino) sob um ponto de vista que não incentive nenhuma forma de preconceito.

Publicidade
Entenda o contexto da história
O contexto da escrita do Hino é a Guerra dos Farrapos (de 1835 a 1845). Era uma luta dos estancieiros escravagistas pela redução dos impostos da comercialização do charque. Por isso, o período de escravidão contextualiza os versos do hino dizendo: caso não fossem vitoriosos nesta luta, ou seja, não tendo virtude de vencer a guerra, acabariam sendo escravos, como os negros, mas da monarquia.
A Revolução Farroupilha não lutava contra a escravidão. Os estancieiros lutavam contra os impostos da Monarquia em relação à comercialização do charque. A partir disso esses estancieiros criam um exército de infantaria, de linha de frente, que são os Lanceiros Negros, para guarnecer os brancos. Os Lanceiros Negros lutavam sob uma pretensa promessa de liberdade. Depois, quando não havia mais chance de vencer a guerra, os estancieiros começaram a negociar com a Monarquia.
Nos movimentos finais do conflito, o Império e os estancieiros, os farrapos, teriam organizado um ataque a tropa dos Lanceiros Negros dos rebeldes, resultando na execução e prisão de mais de 100 soldados negros, no que ficou conhecido como a Traição de Porongos, ocorrida em 14 de novembro de 1844. E a situação desses negros escravizados, naquela época, qual era? Houve libertação? Os guerreiros estancieiros não queriam acabar como negros, como escravos. Queriam a virtude de vencer a guerra. Pois quem era escravo não tinha virtude. E a luta deles, tão glorificada, coexistiu com a condição do negro na época. Eles tinham escravos, eles não podiam ser escravos. Afinal, tinham virtude.
Serviço
O quê: Audiência Pública sobre a Imutabilidade dos Símbolos do Estado do Rio Grande do Sul
Quando: 03/07 (segunda) Horário: 18h30
Onde: Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS (Praça Marechal Deodoro, 101 – 3º andar, Porto Alegre/RS)
Entrada gratuita
Redação de Jornalismo

Recent Posts

Por que seu cachorro come grama e quando isso é sinal de alerta

Seu cachorro come grama com frequência? Entenda quando isso é normal e quando é sinal…

6 horas ago

Contrato de Opção: Produtores têm até sexta para antecipar direito de venda de arroz em maio

Neste primeiro momento, poderão antecipar o exercício do contrato os produtores e as cooperativas da…

10 horas ago

Sorteio mensal de abril do Nota Fiscal Gaúcha distribuirá R$ 200 mil em prêmios

Além do valor principal de R$ 50 mil, serão sorteados dez prêmios de R$ 5…

12 horas ago

Taxa de desemprego no primeiro trimestre é a menor para o período em 13 anos

A taxa de desocupação foi de 7% no trimestre encerrado em março de 2025. O…

15 horas ago

Em 120 dias de 2025, governo federal gastou R$ 1,7 trilhão

Valores foram divulgados pela Gasto Brasil; plataforma que mostra os gastos dos governos locais e…

16 horas ago

Reforma Tributária: advogada alerta como evitar prejuízos na revisão de contratos em 2026

Luciana Pereira da Costa destacou impactos que devem ocorrer após mudanças tributárias

17 horas ago

This website uses cookies.