Categories: GeralPolítica

Presidente do Sindiágua defende abertura de CPI da Corsan

É necessário investigar os métodos e a modelagem usada na
entrega da Corsan para a iniciativa privada. Sem entrar nas questões
ideológicas, políticas e a discussão sobre “direita e esquerda”, é fundamental
averiguar e fiscalizar os atos do Governo do Estado e comprovar se o negócio
foi vantajoso, ou traz prejuízo para o Rio Grande do Sul. Quatro liminares
impedem a assinatura do contrato diante de vários requisitos imprecisos sobre o
trâmite para privatizar a estatal de saneamento.

Receba todas as notícias da Acústica no seu WhatsApp tocando aqui!  

Publicidade

Deixando muito evidente que não se trata de impedir a venda
ou não da Companhia, mas o dever do Poder Legislativo de realizar seu papel de
fiscalizar situações que prejudicam o povo gaúcho, como representantes
constituídos também para esse fim.

A pedido do Governo do Estado, o processo está ainda sob
sigilo no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ora, antes até se entendia o
sigilo, pois se tratava de um negócio, mas depois do leilão de 20 de dezembro,
não faz mais sentido o povo gaúcho ser privado de saber o que está acontecendo.
E ao Legislativo cabe investigar o porquê de tanto mistério nesse processo.

Preocupado com a população gaúcha, o Sindiágua/RS solicita o
apoio da comunidade para que a Assembleia Legislativa do RS instaure uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar possíveis prejuízos ao
erário com a metodologia adotada no processo de privatização da Corsan.

O Sindiágua/RS apresentou ao TCE novos valores para a venda
da Corsan, que foram acrescentados nos autos do processo, que dão conta de
valores acima dos 8bilhões. Outra avaliação econômico-financeira da Corsan foi
concluída no final de janeiro pelo Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível
Médio do Estado do Rio Grande do Sul (Sintec/RS) apurando que a Corsan vale R$
7,26 bilhões. Esta cifra é 75% maior do que o lance único dado no leilão de
privatização, quando a Companhia foi arrematada por R$4,15 bilhões tendo-se
apresentado um único comprador.

Das quatro liminares que impedem a assinatura do contrato,
duas tramitam no Tribunal de Justiça do RS: uma baseada no artigo 249 da
Constituição Estadual, que determina ao Estado manter órgão técnico normativo e
de execução dos serviços de saneamento básico para, entre outras atribuições,
prestar serviços locais de saneamento básico. A outra é uma Ação Popular
questionando o valuation (reputação da marca, capacidade de vendas e retorno
financeiro entre outros itens que compõem o valor de venda) da Corsan e também
a validade dos Termos Aditivos assinados com os municípios.

No Tribunal Superior do Trabalho, a ação questiona o impacto
socioeconômico trabalhista, previdenciário e social da desestatização quanto
aos contratos de trabalho em vigência e os destinos dos contratos de trabalho e
direitos adquiridos em caso de liquidação da empresa, inclusive em relação à
Fundação Corsan. O processo no Tribunal de Contas do Estado versa sobre o
percentual efetivo de cobertura de esgoto pela Companhia antes da possível
alienação das ações e o resguardo ao Estado frente a possibilidade de
invalidação judicial dos termos aditivos de rerratificação dos contratos já
firmados com os municípios.

O mais recente elemento é a manifestação 17 de fevereiro do
Ministério Público de Contas (Promoção, 39/2023) que traz fortes elementos
orientando para a não assinatura do contrato de venda, por representar grandes
prejuízos à sociedade gaúcha. A Promoção destaca: “…considerando a relevância
do tema, com aspectos que demandam maior aprofundamento da análise pelo
controle externo (…) a prudência recomenda, mormente em se tratando de matéria
eminentemente e extremamente complexa, que, neste momento processual, seja
aprofundado o exame da matéria, com ampliação do contraditório”.

Para o MPC, “prosseguir com o processo privatista pode
consolidar situação de difícil reversão, caso seja ultimada a desestatização
pretendida e constatada, posteriormente, errônea na avaliação do preço mínimo
para a alienação de ações da Companhia… o risco de dano ao Erário como privar
da necessária segurança jurídica a desestatização pretendida, que trata de
Companhia com quase seis décadas de prestação de serviços essenciais à
sociedade gaúcha.”

Por todos esses fatos, é necessário que o parlamento gaúcho
investigue e desfaça qualquer dúvida em relação ao processo de entrega da
Corsan. É dever das deputadas e deputados assinar a CPI para que essa questão
tão importante para nosso Estado seja elucidada o mais rápido possível, sob
pena de conivência com um processo que pode lesar a comunidade gaúcha.

Texto: Arilson
Wünsch, presidente do Sindiágua/RS

Redação de Jornalismo

Equipe de jornalismo digital da Rádio Acústica FM.

Recent Posts

MP-RS mira suspeito de se passar por autoridades para aplicar golpe dos nudes

Segundo a apuração, o alvo da investigação usou o nome do procurador-geral de Justiça do…

12 horas ago

Homem morre em Camaquã após receber descarga elétrica

Vítima realizava reparos na rede elétrica quando foi atingido

13 horas ago

Inverno Antecipado: massa de ar frio traz vento gelado e risco de neve ao sul do Brasil

Inverno Antecipado: massa de ar frio traz vento gelado e risco de neve ao sul…

15 horas ago

Polícia Civil prende criminoso que baleou duas mulheres em Cerro Grande do Sul

Suspeito que tinha ficha criminal estava em prisão domiciliar quando cometeu o crime.

16 horas ago