Um levantamento da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou um dado curioso: duas fatias de pão de forma de algumas marcas já são suficientes para causar resultado positivo no teste do bafômetro. Isso porque o processo de fabricação do pão envolve a formação de álcool etílico. Caso o teste dê positivo, o condutor pode ter a CNH suspensa por 12 meses.
Em vez de evaporar totalmente durante o forno, parte dessa substância pode permanecer no alimento, especialmente quando é usada para diluir conservantes contra mofo.
Não é só o pão de forma que pode surpreender. Bebidas como kombucha e kefir, que passam por fermentação, já apresentaram até 1,15% de teor alcoólico em testes. Segundo as regras brasileiras, produtos com menos de 0,5% de álcool por volume ainda são considerados não alcoólicos. No entanto, o bafômetro pode identificar concentrações a partir de 0,33 mg por litro de ar expelido.
Frutas maduras e sucos também entram nessa lista. A banana, por exemplo, pode atingir 0,4% de álcool. O suco de maçã, de laranja e, principalmente, o de uva, que pode chegar a 0,86 g de etanol por litro, também chamam a atenção. Além deles, vinagres como o balsâmico, o de champanhe e o de vinho também contêm traços alcoólicos.
Perigo maior para gestantes e crianças
A presença de álcool em alimentos pode não representar risco para a maioria dos adultos, mas há exceções. Crianças, gestantes e lactantes estão mais vulneráveis.
Um estudo publicado no Journal of Analytical Toxicology apontou que até exposições mínimas podem impactar negativamente o sistema nervoso e o desenvolvimento motor. As consequências possíveis vão desde alterações de humor até problemas mais sérios, como autismo e Alzheimer.
Riscos aumentam com o consumo frequente
Mesmo pequenas quantidades diárias, como 0,5 g/L de álcool, podem representar um risco quando o consumo é repetitivo. Isso vale especialmente para crianças que ingerem muitos sucos industrializados ou para adultos que consomem com frequência alimentos enlatados e processados.
A especialista ressalta a importância de se discutir a criação de regras mais claras para a rotulagem desses produtos, com foco no consumo consciente e na proteção da saúde.
Como evitar o álcool escondido na alimentação?
Evitar totalmente o consumo de alimentos com traços de álcool pode ser difícil, mas há maneiras de reduzir a exposição. A nutróloga sugere:
- Dar preferência a alimentos frescos e pouco processados
- Ler com atenção os rótulos
- Evitar bebidas fermentadas
- Preparar as refeições em casa
- Reduzir massas e alimentos com muito açúcar
- Buscar orientação de profissionais da saúde
Esses cuidados ajudam a minimizar os riscos e tornam a alimentação mais segura para todos.