O maior aplicativo de entregas do país está no centro de uma nova polêmica. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) anunciou um boicote ao iFood, acusando a empresa de cobrar taxas abusivas e manter uma postura inflexível nas negociações.
A federação afirma representar meio milhão de estabelecimentos e acusa o iFood de ter criado uma relação de dependência com os restaurantes. Segundo o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, o modelo atual é insustentável: “As taxas são tão altas que, na prática, os restaurantes trabalham para o iFood. O monopólio criou um cenário de dominação”.
Em nota, o iFood rebateu as críticas e disse apoiar a livre concorrência. A empresa afirma que quer impulsionar os parceiros e melhorar a experiência de quem vende e de quem compra. “Estamos comprometidos em potencializar o sucesso dos estabelecimentos e oferecer um serviço de qualidade”, informou a plataforma.
Concorrência entra em cena com taxa zero
Enquanto o iFood tenta conter as críticas, os rivais se movimentam. A 99Food anunciou o retorno ao mercado brasileiro oferecendo taxa zero para restaurantes. Pouco depois, a Rappi lançou um plano de investimento bilionário, prometendo três anos sem cobrar taxas dos estabelecimentos parceiros.
Essas mudanças foram bem recebidas por outra entidade do setor, a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). O presidente da associação, Paulo Solmucci Jr., afirmou em audiência na Câmara dos Deputados que as taxas elevadas encarecem os pratos e prejudicam tanto restaurantes quanto consumidores. “Taxas menores significam comida mais barata para o cliente”, destacou.
Apesar de apoiar medidas que aliviem os custos dos restaurantes, a Abrasel não endossa o boicote organizado pela Fhoresp. Para a entidade, o caminho para melhorar o setor não é a paralisação, e sim o aumento da concorrência. “Quando há mais opções, as condições de mercado melhoram naturalmente”, disse Solmucci.
Liderança contestada
O iFood é, de longe, a maior plataforma do setor no Brasil. Estima-se que ela concentre entre 80% e 90% do mercado de delivery de comida. A empresa, no entanto, diz que esses números estão superestimados. Segundo o iFood, cerca de 65% dos pedidos ainda são feitos fora dos aplicativos, por WhatsApp, telefone ou sistemas próprios dos restaurantes.
A plataforma também ressalta os benefícios que oferece aos 400 mil estabelecimentos cadastrados, como ferramentas de pagamento digital, proteção contra fraudes e estornos, dados estratégicos e ações de divulgação.
Com a chegada de novas empresas e a promessa de taxas menores, o mercado de delivery entra numa nova fase. Para os restaurantes, o momento é de pressão por mudanças. Já para os consumidores, a disputa pode trazer vantagens: mais opções, preços melhores e serviços com mais qualidade.