Produtores rurais de diferentes regiões do Rio Grande do Sul começaram nesta terça-feira, 13 de maio, uma mobilização coletiva em resposta à falta de apoio após tragédias climáticas. Eles cobram medidas urgentes dos governos estadual e federal, principalmente após as enchentes e a seca que afetaram as lavouras nos últimos anos. O protesto não tem data para terminar.
Segundo Arlei Romeiro, diretor financeiro da APER, o movimento não tem um único líder. Cada cidade está se organizando de forma independente, reflexo da insatisfação generalizada com o cenário atual. O endividamento causado pelas secas e cheias, aliado ao que chamam de “conduta irregular” dos bancos, agravou a crise no campo.
Medidas exigidas com urgência
Os produtores reivindicam que o governo aprove rapidamente um projeto de securitização da dívida, seja por meio do Congresso ou por Medida Provisória. Também pedem a suspensão dos prazos de vencimento das dívidas desde março. Para eles, essa pausa é essencial para garantir a continuidade da produção de alimentos no país.
As manifestações já estão confirmadas em municípios como Júlio de Castilhos, São Sepé, Pântano Grande, Tio Hugo, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, Cruz Alta, Cacequi, Vila Nova do Sul e São Gabriel. Novas cidades devem aderir nos próximos dias. A sociedade também é convidada a participar dos atos.
O agronegócio gaúcho vive um momento crítico. A nova safra já sofreu perdas severas com a seca de 2024/25. Segundo os produtores, a situação está insustentável e não há mais como esperar por promessas não cumpridas.
Farsul cobra ação imediata
A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) divulgou uma nota pública em tom de alerta. A entidade critica a falta de ação concreta do governo federal, apesar das inúmeras tentativas de diálogo.
De acordo com a Farsul, os prejuízos acumulados são históricos e o endividamento atinge níveis impagáveis. A federação lamenta que nem mesmo o Conselho Monetário Nacional tenha publicado a autorização para medidas previstas no Manual do Crédito Rural.
A nota aponta que o governo ignora o período de vencimento de financiamentos agrícolas. Sem a prorrogação, milhares de produtores devem cair na inadimplência ou recorrer a créditos com juros elevados. A Farsul também cobra a criação de uma linha de financiamento com recursos do Fundo Social do Pré-sal, que até agora não saiu do papel.
A entidade finaliza alertando que, mesmo que alguma ajuda chegue, será insuficiente, limitada e atrasada, em contraste com o discurso oficial.