O presidente do Corinthians, Augusto Melo, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo nesta quinta-feira (22). Ele e outros três nomes ligados ao clube são suspeitos de envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro envolvendo o contrato com a casa de apostas Vai de Bet. A polícia acusa o grupo de furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Dinheiro foi parar em empresa ligada ao crime
Segundo a investigação, parte do valor pago pela Vai de Bet ao Corinthians foi desviado para uma empresa chamada UJ Football Talent Intermediação. Relatórios apontam que essa empresa tem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país.
O repasse foi confirmado pela delação do empresário Vinicius Gritzbach, que apontou Danilo Lima de Oliveira, o “Tripa”, como o dono da UJ e integrante da facção. A defesa da empresa nega qualquer relação com o crime organizado.
Quatro nomes na mira da polícia
Além de Augusto Melo, também foram indiciados:
- Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do Corinthians
- Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do clube
- Alex Cassundé, dono da empresa que intermediou o contrato
A polícia afirma que Cassundé foi incluído no acordo apenas para facilitar o desvio dos valores, com a anuência dos dirigentes. Segundo os investigadores, ele não teve qualquer papel real na negociação com a Vai de Bet.
O inquérito também aponta que os dirigentes agiram de forma coordenada para excluir do negócio pessoas que realmente participaram das tratativas iniciais. A entrada de Cassundé e sua empresa seria parte central da fraude.
Em nota, a defesa de Augusto Melo afirmou ter recebido “com incredulidade e indignação” o relatório da polícia. O advogado do presidente disse que ele não tem qualquer envolvimento com os crimes citados e que uma manifestação oficial será feita após a análise completa do inquérito.
Empresário que fez delação foi morto
Vinicius Gritzbach, o delator do esquema, foi assassinado em novembro de 2024 na saída do Aeroporto de Guarulhos. Antes de morrer, ele contou ao Ministério Público que havia sido sequestrado e ameaçado por membros do PCC, incluindo o próprio “Tripa”, que teria o acusado de desviar R$ 100 milhões da facção.
O relatório final da polícia mostra que mais de R$ 1 milhão dos R$ 1,4 milhão pagos na intermediação do contrato acabaram nas mãos da UJ Football, após passarem por quatro empresas diferentes.