Pesquisadores estão atentos à possível presença da mamangava europeia invasora (Bombus terrestris) no Brasil, especialmente na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. A espécie, que já se espalhou pela Argentina, representa um risco para a biodiversidade do bioma Pampa.
O Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) lidera um estudo para mapear a abundância e diversidade de mamangavas nativas no Pampa. A iniciativa busca identificar as plantas que servem de alimento para essas espécies e fornecer dados que ajudem na sua conservação.
Sidia Witter, coordenadora da pesquisa, explica que o estudo vai capturar mamangavas em três pontos estratégicos na fronteira: Aceguá, Pedras Altas e Santa Vitória do Palmar. As capturas serão feitas a cada dois meses durante um ano, acompanhadas da coleta das plantas visitadas pelas abelhas.
Risco para a biodiversidade e a produção local
Introduzida no Chile para polinizar culturas agrícolas, a Bombus terrestris chegou à Argentina e pode se expandir para outros países sul-americanos. Embora seja considerada uma boa polinizadora, a espécie invasora compete com as mamangavas nativas, transmite doenças e pode ameaçar a produção de mel e o equilíbrio ecológico.
Na estação de Hulha Negra (CESIMET), os pesquisadores vão implantar áreas com cultivos de feijão, ervilhaca e cornichão. Esses cultivos servirão para monitorar a presença e o comportamento das mamangavas nativas ao longo do ano.
Conscientização
Caso a presença da mamangava europeia seja confirmada no Brasil, ela não deve ser eliminada. A orientação é registrar a ocorrência com fotos e coordenadas geográficas e comunicar o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (Seapi) pelo e-mail: [email protected].
O projeto conta com a participação de pesquisadores da USP, Ulbra, Unisinos e Ibama. Essa união de esforços busca evitar o impacto ambiental que já foi sentido em outros países e proteger as espécies nativas do Pampa gaúcho.