Uma ferramenta criada para facilitar a vida dos contribuintes pode, na prática, causar dores de cabeça: a declaração pré-preenchida do Imposto de Renda. Embora ofereça praticidade, ela pode conter erros ou omissões que levam o contribuinte direto para a malha fina da Receita Federal. Por isso, é essencial revisar cuidadosamente todos os dados antes do envio.
“Muitos contribuintes pensam que esse é um programa muito completo e cheio de informações pré-preenchidas, simplificando em muito a vida”, destaca Richard Domingos, diretor-executivo da Confirp Contabilidade. “Mas a realidade é que não se pode confiar em praticamente nenhuma informação disponibilizada. Todas devem ser conferidas de acordo com os informes e documentos que o contribuinte tem que ter em mãos”, alerta.
Segundo Domingos, embora seja uma ferramenta útil, a pré-preenchida ainda é falha em termos de completude e precisão. Informações importantes, como dados sobre procurações eletrônicas em transações imobiliárias, taxas de administração e despesas com educação, por exemplo, nem sempre aparecem automaticamente e exigem atenção redobrada.
Rendimentos e bens também exigem atenção
Outro ponto de atenção são os rendimentos. Informes bancários de aplicações financeiras podem não coincidir com os dados lançados automaticamente, apresentando divergências nos valores e nos CNPJs vinculados. A mesma inconsistência pode ocorrer com os bens e direitos, onde saldos bancários e registros de cartório nem sempre estão representados corretamente.
“Um desafio adicional ocorre no contexto de aquisições imobiliárias financiadas, em que o total do valor do imóvel é frequentemente apresentado na pré-preenchida, em vez do valor real pago pelo contribuinte. Isso pode distorcer a situação financeira relatada”, explica Domingos.
Despesas médicas de dependentes podem não constar
Despesas médicas com dependentes também costumam ser omitidas, principalmente quando essas pessoas não entregaram suas próprias declarações. Nesse caso, cabe ao contribuinte lançar manualmente as informações corretas.
“Em casos de erros relacionados a esses pontos, os contribuintes podem reduzir sua restituição, pagar mais imposto ou até mesmo cair na malha fina. E é importante destacar: não adianta alegar que o erro foi do sistema. A Receita deixa claro que a responsabilidade pela conferência é do contribuinte”, conclui o especialista.