A crise financeira que atinge a Argentina começa a causar o fechamento de empresas históricas. Uma das mais recentes vítimas é a Lipo S.A., marca conhecida no país por seus doces populares, especialmente os caramelos.
A empresa, que já chegou a produzir dois milhões de unidades por dia, enfrenta uma grave situação financeira e pode encerrar suas atividades.
Salários atrasados e produção parada
Fundada em 1969, a fábrica emprega mais de cem trabalhadores, que estão parados desde abril por falta de pagamento. Os funcionários denunciam atrasos salariais e acusam a empresa de adotar práticas abusivas para evitar o cumprimento de suas obrigações.
O principal acionista, Osvaldo Iglesias, chegou a propor o pagamento parcial dos salários, com desconto pelos dias não trabalhados devido à escassez de matéria-prima. A proposta foi rejeitada pelo sindicato, que classificou a atitude como “um abuso sem escrúpulos”.
Conflito será decidido na Justiça do Trabalho
A próxima audiência no Ministério do Trabalho de Lanús, marcada para os próximos dias, deve definir o destino da Lipo S.A. Os trabalhadores exigem o pagamento integral dos salários atrasados e afirmam que a empresa vem protelando soluções.
Para o sindicato, o caso simboliza o agravamento da crise industrial no país, com empresas sem condições de manter a produção e os empregos.
Fechamentos se multiplicam
A Lipo não é a única a enfrentar dificuldades. A tradicional Fabi Bolsas Industriais, localizada em Hinojo, também fechou as portas. A fábrica, que produzia sacos de papel há mais de 60 anos, demitiu cerca de 100 trabalhadores em uma cidade com pouco mais de 3 mil moradores.
O encerramento das atividades foi repentino e sem aviso prévio, gerando revolta. A empresa até ofereceu indenização com 15% de acréscimo para quem aceitasse a proposta, mas a insatisfação geral foi maior.
Indústria em alerta
O futuro da indústria argentina preocupa. A escassez de matéria-prima, os custos operacionais elevados e o cenário econômico instável dificultam a retomada de muitas fábricas.
A atuação das autoridades trabalhistas será decisiva nos próximos meses. Casos como o da Lipo S.A. servem de termômetro para o que pode acontecer com outras empresas se não houver medidas de apoio ao setor.