A saúde pública está em crise na Região Metropolitana de Porto Alegre. A superlotação atinge hospitais de cinco municípios, e a falta de recursos preocupa ainda mais com a chegada do inverno.
Em Alvorada, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão, moradores enfrentam longas filas e restrições no acesso a serviços básicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Muitos pacientes precisam buscar atendimento em Porto Alegre, que também enfrenta sobrecarga.
Situação crítica em Alvorada
Sem uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o Hospital de Alvorada é a única opção. A instituição, que pertence ao Estado e é administrada pelo grupo Ana Nery, estava com 260% de lotação na emergência na segunda-feira (19).
Os leitos clínicos e de enfermaria também estão lotados. A prefeitura admite que a criação de uma UPA é urgente, mas não há dinheiro suficiente para viabilizar a obra.
Canoas com 300% de ocupação
A cidade é referência para 157 municípios e atende cerca de 2 milhões de pessoas. Com três hospitais – dois ativos – o sistema operava com 300% de lotação na terça-feira (20). Canoas investe R$ 19 milhões mensais na saúde, e outros R$ 13 milhões vêm do Estado e da União. Mesmo assim, o valor é considerado insuficiente.
A prefeitura pediu apoio ao governo estadual e ao Ministério da Saúde. Entre as medidas estudadas está a redução de serviços e a reabertura do Hospital de Pronto Socorro, fechado desde a enchente de 2024.
Espera longa em Cachoeirinha
No Hospital Padre Jeremias, a espera por atendimento chegava a oito horas na quarta-feira (21). A lotação dos leitos adultos era de 107%. Referência em maternidade e pediatria, o hospital – também administrado pelo grupo Ana Nery – enfrenta limitações como a falta de bloco cirúrgico e de tomógrafo.
A cidade planeja lançar uma Operação Inverno para tentar aliviar o sistema, mas admite que a criação de uma segunda UPA ainda não é possível por falta de verba.
Gravataí sem alta complexidade
O Hospital Dom João Becker operava com 212% de lotação na quinta-feira (22), atendendo apenas casos graves. A instituição é administrada pela Santa Casa de Porto Alegre e recebe apoio financeiro do município para manter os 135 leitos do SUS.
Gravataí também atende moradores de Alvorada, Cachoeirinha e Glorinha. Mas não oferece procedimentos de alta complexidade e precisa de mais recursos estaduais e federais para ampliar a estrutura.
Superlotação e falta de leitos em Viamão
Na sexta-feira (23), o Hospital Viamão estava com todos os 148 leitos de internação e 20 leitos de UTI adulta ocupados.
A falta de leitos eletivos faz com que ao menos 30 pacientes fiquem internados na emergência, ocupando salas e corredores. A prefeitura diz que não tem recursos suficientes para ampliar os serviços e critica o governo do Estado pela demora nos repasses.
O que diz o Estado?
A Secretaria Estadual da Saúde se reuniu com prefeitos na sexta-feira (23) para debater melhorias no atendimento e novos recursos. Segundo o governo, na próxima semana será anunciado um pacote do programa Inverno Gaúcho, com verbas para abertura de novos leitos. O valor exato ainda depende de ajustes no orçamento.
Também foi discutido o aumento do repasse do Programa Assistir, com previsão de R$ 39 milhões anuais a mais para 28 hospitais em 20 municípios da Região Metropolitana.