A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) iniciou uma nova etapa no Rio Grande do Sul. Após atuar de forma intensa e contínua durante a crise das enchentes de 2024, a agência passa a concentrar esforços na promoção da empregabilidade e na integração socioeconômica de refugiados acolhidos no estado.
Reforço no apoio e novas estratégias
Com presença fixa e uma equipe dedicada, instalada em espaço cedido pelo Ministério Público Estadual, o ACNUR seguirá apoiando ações emergenciais e a reconstrução nas áreas mais afetadas. Agora, o foco se amplia para criar oportunidades de trabalho para refugiados e pessoas que necessitam de proteção internacional.
O Rio Grande do Sul é o terceiro estado brasileiro com maior número de pessoas venezuelanas interiorizadas voluntariamente desde Boa Vista (RR), com mais de 22 mil pessoas desde o início da Operação Acolhida.
Parceria para promover emprego e renda
Na última terça-feira (27/05), o ACNUR e a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) assinaram um Memorando de Entendimento. A parceria visa mobilizar o setor privado para abrir postos de trabalho formais para refugiados, fortalecer o empreendedorismo e estimular a geração de renda.
Davide Torzilli, representante do ACNUR no Brasil, ressaltou: “O estado terminou 2024 com quase 70 mil vagas não preenchidas, que poderiam ser ocupadas por profissionais refugiados dispostos a recomeçar suas vidas de forma digna e responsável”.
José Scorsatto, diretor-presidente da FGTAS, destacou: “Inserir refugiados e migrantes fortalece a diversidade no mercado de trabalho, combate a escassez de mão de obra e aquece a economia local”.
Desafios e oportunidades
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam que o Rio Grande do Sul fechou 2024 com queda de 5,2% nos índices de desemprego. Mesmo assim, havia mais de 69 mil vagas sem preenchimento, principalmente em funções que não exigem experiência prévia.
Apesar disso, empresas relatam dificuldade para entender a documentação exigida para a contratação de refugiados e migrantes, além de barreiras como a falta de revalidação de diplomas e o domínio do português.
A parceria ACNUR-FGTAS prevê capacitação de funcionários, sensibilização de empresas e a realização de feiras e mutirões de emprego, além de fortalecer iniciativas de artesanato e empreendedorismo com acesso a microcrédito e participação na Expointer e no Programa Gaúcho de Artesanato.
Escritório permanente e novos compromissos
Durante a visita oficial, o ACNUR inaugurou seu escritório fixo no estado, no prédio do MPE-RS. A cerimônia contou com a presença de autoridades estaduais, municipais, representantes de organizações parceiras e lideranças refugiadas.
Em reuniões com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e representantes do governo estadual, foram reafirmados os compromissos com a elaboração de planos de contingência e ações para mitigar os efeitos das enchentes, além do fortalecimento do acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade.