Um novo nome ganhou os holofotes na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mas não se trata de um professor ou pesquisador. O destaque vai para Silveira, um cão comunitário que conquistou o coração dos estudantes, e agora carrega o título simbólico de “pró-reitor de assuntos caninos”.
A “nomeação”, feita nesta terça-feira (20), foi divulgada nas redes sociais da universidade e tem até “assinatura” do reitor Luciano Schuch. Tudo em tom de brincadeira, claro. A ação celebra o carinho da comunidade acadêmica pelo mascote oficial da Biblioteca Central.
Fama nas redes e rotina no campus
A popularidade do cão cresceu rápido. Só no Instagram, Silveira saltou de 37 mil para 57 mil seguidores em um dia. A vida dele virou uma atração entre alunos, servidores e visitantes.
Silveira já é conhecido há anos no campus. Estima-se que tenha chegado há mais de uma década, sem coleira e sem dono. Hoje, é a estrela do projeto Zelo, que cuida dos animais comunitários da UFSM.
Quem convive com ele também o conhece por apelidos carinhosos, ou nem tanto. Um dos mais populares é “Podrão”, apelido que ele ganhou por dormir em sala de aula.
Dormir nas aulas não é o único hábito inusitado de Silveira. Ele costuma aparecer em diferentes momentos da vida acadêmica, até mesmo durante oficinas e eventos culturais.
Um dos vídeos mais compartilhados mostra o cãozinho em meio a uma aula de capoeira. De barriga para cima, ele interage com os participantes, pedindo carinho como quem sabe que ali é querido.
Saúde frágil e cuidados especiais
Com idade estimada em mais de 10 anos, Silveira já enfrenta algumas limitações. Sofre de artrose, já machucou as patas e tem medo de carros e de pessoas de jaleco, uma resistência que torna os cuidados médicos mais complicados.
Os tratamentos são feitos de forma adaptada. Veterinários vão até ele, sem uniforme, e fazem os procedimentos com discrição. A medicação contínua, no entanto, é um desafio.
Outra preocupação é com a alimentação. A universidade orienta os alunos a não oferecer comida humana, para evitar problemas de saúde. A meta, segundo a equipe do projeto Zelo, é garantir que Silveira viva com conforto — ou, como eles dizem, que tenha sua merecida “aposentadoria”.
Projeto Zelo cuida de dezenas de animais
O projeto Zelo surgiu em 2014 e é o principal responsável pelos cuidados com os animais abandonados na UFSM. Hoje, cerca de 80 cães e gatos vivem no campus, sob atenção de voluntários e bolsistas.
A equipe organiza campanhas de arrecadação, feiras de adoção e parcerias com empresas locais. Um brechó sustentável também ajuda a levantar recursos. Mas, segundo a coordenadora Fabiana Stecca, as ações dependem principalmente de doações. “Vivemos de apoio da comunidade. Não temos um fundo próprio. Os recursos públicos que recebemos são apenas para os bolsistas”, explica.
Adoção consciente e esperança para Silveira
Apesar da fama, Silveira ainda não foi adotado. A idade avançada e seu jeito independente podem afastar possíveis interessados. Mas a equipe do Zelo acredita que ainda há tempo para encontrar um lar para ele. Adotar um cão idoso, dizem os voluntários, é uma forma de retribuir o amor que esses animais oferecem, mesmo após tantos anos de abandono.
Quem quiser adotar o Silveira, ou outro animal do projeto, precisa passar por uma entrevista. O primeiro contato deve ser feito pelo Instagram do projeto Zelo, onde também há informações sobre doações e ações em andamento.