Mais de um ano após seu início, a enchente que devastou o Rio Grande do Sul em 2024 ainda causa prejuízos a diferentes segmentos da economia. Um estudo da Fecomércio-RS sobre os minimercados do Estado mostra que 46% deles relatam perda de faturamento em razão da enchente, e apenas 24,3% dos impactados informam ter recuperado a totalidade das perdas.
Os dados fazem parte da pesquisa Sondagem de Minimercados, realizada com 385 estabelecimentos em todo o Estado entre 27 de março e 16 de abril de 2025. A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, explica que a sondagem é uma pesquisa regular feita para avaliar questões conjunturais e estruturais dos minimercados.
A queda de faturamento foi citada por quase 60% dos comerciantes afetados como a principal consequência ainda não superada. Em seguida, destacam-se a perda de clientes (51,5%) e as dificuldades financeiras (41,8%).
Gestão e planejamento ainda são gargalos
A pesquisa também revela outros desafios enfrentados pelos donos de minimercados. Para 39,7%, a fidelização de clientes é a maior dificuldade. Em seguida vêm a gestão financeira (37,4%) e o marketing (26,5%).
Dos empresários ouvidos, 36,9% misturam as finanças da empresa com as pessoais. Além disso, 42,6% não acompanham o desempenho das vendas com base nos produtos mais vendidos. A maioria (64,9%) implementa novos produtos conforme a demanda dos clientes, e não com base em análise de dados, apenas 3,4% seguem essa prática mais estratégica.
Caminhos para fortalecer os negócios locais
A Sondagem de Minimercados traça um panorama da estrutura, finanças e estratégias desses estabelecimentos. Segundo os dados, 57,4% dos mercados pesquisados atuam há mais de 10 anos, e 84,2% têm até cinco funcionários.
Quanto à situação financeira atual, 57,7% consideram a empresa estável, com capacidade de investimento. Por outro lado, 30,6% dizem operar com dificuldades, e 8,6% enfrentam problemas para honrar compromissos.
Nos últimos seis meses, 44,2% avaliam o desempenho das vendas como regular. Outros 28,3% consideram bom, enquanto 17,1% avaliam como ruim.
Sobre as expectativas para o futuro, 56,6% dos empresários do setor preveem piora na economia brasileira nos próximos seis meses. Para 29,4%, o cenário deve se manter estável, e apenas 14% acreditam em melhora. No contexto gaúcho, a percepção é um pouco mais positiva: 42,3% esperam estabilidade, 36,6% preveem piora e 21,1% esperam melhora.