David da Silva Lemos, de 31 anos, foi condenado a 175 anos de prisão pelo assassinato brutal dos quatro filhos, em 2022, no município de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O julgamento foi concluído nesta quarta-feira (14), no segundo dia de sessões no tribunal.
As vítimas eram Yasmin, de 11 anos; Donavan, de 8; Giovanna, de 6; e Kimberlly, de apenas 3 anos. Os corpos foram encontrados dentro da casa da avó paterna, no bairro Piratini. Três crianças tinham marcas de facadas. A mais nova apresentava sinais de asfixia.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o réu cometeu homicídio triplamente qualificado. O motivo teria sido torpe, como forma de castigar a ex-companheira. Além disso, usou meios cruéis, como golpes de faca, e sufocou a filha mais nova. Os detalhes da acusação indicam um crime planejado com intenção de causar dor.
Na terça-feira (13), oito testemunhas prestaram depoimento, incluindo a mãe das crianças, os avós e o delegado responsável pela investigação. O policial relatou que as vítimas foram mortas uma a uma, enquanto o pai as colocava para dormir. Em depoimento à polícia, David disse que agiu por ciúmes e conflitos com a ex.
Crime aconteceu em casa
Três das vítimas foram encontradas deitadas nas camas, em um dos quartos da casa. A quarta, a menina mais nova, foi localizada em outro cômodo. Uma faca foi apreendida no local. O réu confessou ter agido sozinho.
Durante o julgamento, a mãe das crianças, de 28 anos, disse ter vivido um relacionamento marcado por ciúmes e medo. Segundo ela, David era controlador e já tinha a agredido fisicamente. A separação aconteceu três meses antes do crime.
Na época, ela conseguiu uma medida protetiva, mas voltou a se relacionar com ele por receio de represálias. A mulher relatou ainda que o uso de drogas agravava o comportamento do ex-companheiro.
As crianças haviam passado o fim de semana com o pai, na casa da avó. Como não retornaram na segunda-feira, a mãe entrou em contato com David. Marcaram um encontro para a entrega das crianças, mas ele não apareceu. A demora aumentou a aflição da mãe.
Ela contou que ligou para a ex-sogra na terça-feira e foi orientada a buscar os filhos. Ao chegar à casa, foi informada da tragédia. “Eu só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu”, relatou, emocionada.
Conforme o Ministério Público, o julgamento pode se estender por até quatro dias. A condenação de David foi confirmada nesta quarta-feira, com a aplicação de 175 anos de prisão por um dos crimes mais chocantes registrados no estado.