Um servidor do Ibama está sendo investigado pela Polícia Federal por supostamente transferir de forma irregular gatos-palheiros, que são felinos silvestres ameaçados, para o Rio Grande do Sul. A ação, feita sem autorização oficial, chocou ambientalistas e autoridades gaúchas.
A investigação é um desdobramento da Operação Celeno, que revelou possíveis práticas ilegais dentro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Felinos saíram de projeto em Goiás
Os animais estavam no Instituto Onça-Pintada, em Goiás, onde participavam de um projeto de reintrodução ao cerrado. Com a retirada, o programa foi suspenso. De acordo com o Ibama, os gatos-palheiros foram levados a um zoológico no Rio Grande do Sul.
A mudança de local não foi comunicada nem ao Ibama oficialmente, nem à Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA-RS), o que motivou a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar contra o servidor envolvido.
Objetivo era lucro com animais, diz PF
A Operação Celeno apura também outra suspeita grave: o uso de animais apreendidos em Centros de Triagem (CETAS) para fins comerciais. Segundo a Polícia Federal, os bichos, que deveriam ser reabilitados e devolvidos à natureza, seriam direcionados à formação de plantéis para criadores. O servidor investigado já havia sido apontado como responsável por essas práticas em etapas anteriores da operação.
Durante as fiscalizações feitas pelo Ibama em criadouros de fauna, os agentes encontraram diversos animais em situação de maus-tratos. Foram identificadas várias irregularidades, o que levou à abertura de novos inquéritos. As autoridades seguem apurando o caso, que reforça o alerta sobre os riscos de irregularidades no manejo da fauna silvestre no Brasil.