A edição do programa Conexão Rural deste sábado, 8 de abril, tratou da comercialização da atual safra de verão de arroz e soja, da abertura do mercado mexicano para o arroz gaúcho e dos desdobramentos da institucionalização do recolhimento do Funrural dos empregadores. Também foi falado sobre as classificatórias ao Freio de Ouro, realizadas neste final de semana pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e divulgada a programação da 37ª Feira do Terneiro, Terneira e Vaquilhona, preparada pelo Sindicato Rural de Camaquã para o próximo dia 29 de abril.
Um dos entrevistados do programa, no ar na Rádio Acústica FM, de Camaquã, foi Antônio Sartori, diretor da Brasoja Consultoria, que relacionou a baixa remuneração da soja da atual safra ao comportamento de parte da mídia nacional, que ao profetizar a venda da saca em R$100,00 para meados de 2016 gerou uma falsa expectativa entre os produtores, que deixaram de vender seus estoques no momento de maior pico da cotação. “Esses mesmos produtores, que não venderam a R$ 90,00 em maio e junho do ano passado, hoje têm que vender a saca por até R$ 55,00”, disse Sartori ao informar que por esperarem maior cotação produtores gaúchos ficaram com cerca de 50 milhões de sacas da safra passada.
Sartori preferiu não falar quando haverá uma esperada reação de preços, mas destacou fatores que serão decisivos para isso: o clima no hemisfério norte nestes próximos dois meses, crucial para expectativa de produção do próximo ciclo nos EUA, e a questão cambial do Brasil em relação à moeda americana. “Se por um lado temos um presidente (Michel Temer) fragilizado politicamente, temos um Henrique Meirelles (ministro da Fazenda) que faz apologia direta a um Real forte”, ponderou ele, ao analisar a possibilidade de a dolarização dos preços passar a ser favorável aos produtores brasileiros, como esteve no período da safra passada.
Arroz
Também entrevistado no CR de sábado, o diretor técnico do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Tiago Sarmento Barata, fez um resumo da viagem feita por ele e pelo presidente da Federarroz. Henrique Dornelles ao México, na última semana, quando se reuniram com autoridades e lideranças comerciais locais com o objetivo de concretizar acordos para o comércio de arroz. Para Barata, mesmo pairando uma dúvida sobre as reais intenções dos mexicanos na compra do arroz brasileiro, já que poderiam estar barganhando com seus vizinhos norte-americanos, com quem as relações se esfacelaram desde a posse de Donald Trump, ficou claro que eles estão em busca de arroz de qualidade. Ainda sobre as negociações, o diretor do Irga antecipou que uma comissão mexicana tem agenda marcada para o Brasil no final de abril, com Porto Alegre fazendo parte do roteiro.
Movimento inverso
Sobre a comercialização da atual safra, Tiago Barata acredita na estabilização de preços com viés de melhora para breve. Mesmo não estipulando prazos, ele acha que o pico de importações do arroz do Mercosul já foi atingido e que vendas para Nicarágua, num primeiro momento, e também para o México talvez já para maio, propiciem uma reação no mercado interno. “Se houve uma desvalorização mais precipitada e intensa do que imaginávamos nesta arrancada de safra, também creio num movimento inverso”, comentou o diretor. Na semana passada, o arroz permaneceu com negócios sendo fechados abaixo de R$ 40,00 a saca no Rio Grande do Sul.
Funrural
Também participaram do programa o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, que falou da insatisfação da entidade com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de institucionalizar o recolhimento da contribuição previdenciária baseado no faturamento bruto da venda os produtos. O tema também foi abordado pelos advogados Valtencir Gama e Clairton Gama. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Eduardo Suñe e o presidente do núcleo camaquense da entidade, Arilei Mendes foram outros participantes, assim como o veterinário Márcio Freitas e o agricultor familiar William Cunha.
