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Lava-Jato chega a contrato de esgoto em Uruguaiana

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Ao investigar um bem-acabado esquema de corrupção envolvendo executivos, ex-presidentes, ministros e governadores, a Lava-Jato se dilatou e chegou até mesmo a políticos de um município gaúcho de 130 mil habitantes. A mais recente suspeita recai sobre o contrato de esgoto em Uruguaiana, na Fronteira Oeste.

Os indícios de pagamento de valores pela Odebrecht para nove agentes públicos da cidade aparecem nas delações de Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente e fundador da Odebrecht Ambiental, e Paulo Roberto Welzel, ex-diretor da Foz do Brasil. Atuando na área de saneamento, as duas empresas pertencem ao conglomerado da empreiteira.

Nas colaborações, são citados o atual prefeito, Ronnie Peterson Melo (PP); o ex-prefeito Luiz Augusto Fuhrmann Schneider (PSDB); o candidato a vereador Antônio Egídio Rufino de Carvalho (PSDB); o ex-presidente da Câmara de Vereadores Francisco Azambuja Barbará (PMDB); o candidato a prefeito IIson Mauro da Silva (PMDB); a vereadora Josefina Soares Bruggemann (PP); a ex-vereadora Jussara Osório de Almeida (Rede); o suplente de vereador Luiz Fernando Franco Malfussí (PSDB); e o vereador Rafael da Silva Alves (PMDB).

Responsável por serviços de água e esgoto no município desde junho de 2011, a Odebrecht Ambiental detém o contrato de exploração pelo prazo de 30 anos. Foi a primeira concessão de uma empresa privada no setor de saneamento no Estado, após a rescisão do convênio com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). 

De acordo com os ex-dirigentes, os valores teriam sido repassados aos políticos em 2012. Não existem, porém, detalhes do suposto esquema, uma vez que o conteúdo das delações ainda não se tornou público. 

Relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin encaminhou o pedido de investigação para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre. Isso porque não é competência do ministro julgá-los.

A Justiça pode arquivar o caso ou instaurar um inquérito.

 

Contrapontos

Ronnie Peterson Melo (PP), prefeito

Procurado pela RBS TV, o prefeito de Uruguaiana disse, por meio do secretário-geral de governo do município, Paulo Fossari, “ter ficado surpreso. Afirmou não saber do que se trata para apresentar a defesa e restabelecer a verdade”. “Acompanhamos todo o dia a divulgação e durante à noite souberam pela imprensa da presença do nome do prefeito”, diz outro trecho da nota.

 

Francisco Azambuja Barbará (PMDB), ex-presidente da Câmara de Vereadores

“Coloco à disposição, desde já, os meus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Não vão encontrar nenhum telefonema da Odebrecht ou de alguém ligado a eles. Em 2009, nós votamos pela licitação e não pela aprovação de A ou B, porque a água de Uruguaiana era um caos.”

 

Josefina Soares Bruggemann (PP), vereadora

“Não devo nada. Quem tem que falar alguma coisa é o meu partido. Quem teria um problema com a Odebrecht não teria solicitado uma CPI contra a Odebrecht na Câmara de Vereadores”.

 

Jussara Osório de Almeida (Rede), ex-vereadora

“É uma atitude irresponsável divulgar esta lista somente porque existe um braço da Odebrecht em Uruguaiana. Nunca recebi nada da empresa, estou tranquila”.

 

Luiz Fernando Franco Malfussí (PSDB), suplente de vereador

“Estou surpreso. Em 2011, quando a Odebrecht foi inaugurada, eu era apenas radialista, e eu fui concorrer a vereador em 2012. Por que iriam me dar dinheiro um ano depois? Eu nunca tive nada a ver com a Odebrecht.”

 

Rafael da Silva Alves (PMDB), vereador

“Eu não recebi dinheiro da Odebrecht, mas não posso dizer que o meu antigo partido (PSDB) não tenha recebido. Não tem outra explicação. Meu maior doador de campanha é o meu pai”.

 

Antônio Egídio Rufino de Carvalho (Rede), ex-vereador

“Eu era radialista e tinha um programa que, semanalmente, acompanhava o andamento das obras. Então, estabeleci uma sintonia com a direção da empresa. Passei a entender que aquilo (as obras de esgoto) era o futuro, e passei a ser rotulado como defensor da Odebrecht. Algumas pessoas diziam: “esse cara é financiado pela Odebrecht”. Eu tinha um contrato. Eles pagavam pelo trabalho jornalístico. Meu patrimônio não evoluiu. Não devo absolutamente nada a ninguém.”

 

Zero Hora tenta contato com os demais políticos citados, mas ainda não conseguiu localizá-los.