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Em seis meses, 524 pessoas morreram em rodovias gaúchas

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Quinhentas e vinte e quatro pessoas perderam a vida nas estradas gaúchas nos seis primeiros meses deste ano. Uma assustadora média de quase três mortes por dia. O número representa reversão na tendência de queda do índice, que vinha diminuindo nos primeiros semestres dos últimos dois anos. Em 2015, houve queda expressiva, de 654 vítimas no ano anterior para 595. A marca voltou a cair no ano passado, para 518. 

Mais da metade dos casos ocorridos de janeiro a junho de 2017 se concentrou em apenas 14 das 262 rodovias mapeadas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS). 

Levando em conta apenas o total de vítimas, sem considerar a extensão das vias, o ranking das estradas mais perigosas do Estado contém oito federais, mais longas e com maior tráfego de veículos, e seis estaduais, em geral menos extensas, mas em pior estado de conservação (veja quais são no mapa do final da reportagem).

No topo da lista geral, a BR-116 é, historicamente, a que mais mata. Na rodovia federal, que corta o Rio Grande do Sul entre Jaguarão e Vacaria, aumentou em 10 o total de mortes na comparação com 2016, alcançando 51. Dentre as estaduais, a mais fatal atualmente é a RS-239. A ligação de Portão a Maquiné, embora tenha apresentado redução, de 20 para 15 vítimas, ainda se manteve à frente. 

Conforme Rosane Crivella, chefe da assessoria técnica do Detran, esse tipo de dado ajuda a identificar os pontos mais vulneráveis do trânsito. 

— Com isso, podemos analisar os trechos e tomar as decisões para corrigir os problemas — comenta Rosane. 

Embora reconheça que a volta do aumento no número de mortes acende sinal de alerta às autoridades, a profissional da área de estatística explica que não é possível apontar causa isolada para a reversão do quadro. Além da volatilidade nos padrões de tráfego e nas condições de segurança das estradas, acidentes com grande número de mortes podem acentuar a curva de evolução do índice, o que não necessariamente representa agravamento da situação.

Cinco das 14 rodovias que mais matam são pedagiadas — quatro parcialmente administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) — RSs 239, 287, 040 e 453— e uma pela Triunfo Concepa — BR-290. Junto da freeway, a BR-386, segunda mais fatal conforme o ranking geral, integra o pacote de concessão que está sendo elaborado pelo governo federal e também inclui as BRs 101 e 448 (Rodovia do Parque). 

As 14 estradas entre as 10 primeiras da lista de mortes somam quase seis mil quilômetros de asfalto. Todas receberam conceito entre regular e bom a partir de estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). De acordo com o chefe de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Rodrigo Rodrigues, ainda assim, melhorias na engenharia e no estado de conservação desses trechos é determinante para reduzir a mortalidade. Para a líder entre as federais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit) diz que a BR-116 já possui trechos em fase de duplicação e que outra parte passa por estudo de viabilidade (leia na página ao lado). 

— A polícia não tem como evitar mortes, porque um único acidente pode registrar um grande numero de vítimas sem ser um ponto perigoso. Focamos em reduzir a acidentalidade, reforçando a fiscalização nos trechos mais críticos —afirma Rodrigues. 

Além de investimentos nas estradas — algo que tanto o governo federal quanto o estadual têm cortado, alegando crise financeira —, o policial aponta a imprudência como grande causa de tragédias no trânsito: 

— A sensação que tenho, com 23 anos de trabalho na PRF, é que minha missão é enxugar gelo.