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Advogados abandonam julgamento do jogador Bruno

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Sob o argumento de que o tempo de 20 minutos concedido pela juíza Marixa Fabiane para a defesa era insuficiente para apresentar os questionamentos preliminares, os advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, abandonaram o julgamento do caso Bruno no início da tarde desta segunda-feira.
Bola, Macarrão, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e outras duas pessoas, começaram a ser julgados nesta segunda-feira em Contagem (MG), pelas acusações de sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, que era ex-amante de Bruno.

Sob o argumento de que o tempo de 20 minutos concedido pela juíza Marixa Fabiane para a defesa era insuficiente para apresentar os questionamentos preliminares, os advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, abandonaram o julgamento do caso Bruno no início da tarde desta segunda-feira.

Bola, Macarrão, o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes e outras duas pessoas, começaram a ser julgados nesta segunda-feira em Contagem (MG), pelas acusações de sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, que era ex-amante de Bruno.

Advogado de Bruno reafirma que Eliza está viva e que investiga seu paradeiro

O advogado Rui Pimenta, um dos defensores do goleiro Bruno Souza, voltou a afirmar nesta segunda-feira (19) que não há comprovação da morte de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro.

Antes de entrar para a sessão inaugural do julgamento do jogador e de mais quatro réus, no fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem (MG), Pimenta disse que vai afirmar que existem provas repassadas por pessoas que teriam visto Eliza viva.

“Vou atuar para sustentar a tese e provar a inexistência desse crime. Não há materialidade nenhuma. A prova testemunhal do menor [referindo-se a um primo do goleiro que cumpriu medida socioeducativa em Minas por causa de envolvimento no sumiço de Eliza] dada à polícia foi desmentida perante a Justiça”, disse o advogado.

Segundo ele, nos últimos dias, a defesa do goleiro recebeu informações de que Eliza foi vista em vários locais.

“Estamos verificando o fichário [de hóspedes] de um hotel em São Paulo. Vamos tentar recuperar as imagens desse local”, disse Pimenta, referindo-se a imagens de câmeras de segurança que teriam captado imagens de Eliza no local no dia 25 de junho de 2010. Segundo a Polícia Civil mineira, a ex-amante do goleiro teria sido morta no dia 10 de junho daquele ano, na casa do ex-policial Marcos Aparecidos dos Santos, o Bola, que fica na cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Pimenta afirmou também ter tido informações de que Eliza estaria residindo no leste europeu.

Quando assumiu a defesa do goleiro, Pimenta afirmou que não negaria a existência do assassinato de Eliza, mas que tentaria provar que o crime ocorreu sem a participação ou o conhecimento de Bruno.

Questionado sobre a mudança de estratégia, Pimenta afirmou que, ao tomar conhecimento do processo, mudou de opinião. “O processo tem 15 mil folhas. À medida que você vai lendo, vai tomando pé do caso”, disse.

Perito Sanguinetti

O perito George Sanguinetti, arrolado pela defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, chegou por volta das 9h40 ao fórum e afirmou que vai apresentar o resultado de perícias feitas por ele, em 2010, na casa do ex-policial e no sítio do goleiro, que fica na cidade de Esmeraldas (MG) e que foi apontado pela polícia mineira como o local de cativeiro de Eliza.

“A perícia não encontrou nada na casa do Bola. Vou apresentar isso à juíza e aos jurados. Não existem provas de que Eliza esteve  no sítio em Esmeraldas”, resumiu Sanguinetti, que fora contratado pela defesa do réu para fazer uma investigação paralela à da polícia à época da investigação do sumiço de Eliza.

Entenda

O desaparecimento de Eliza Samudio provavelmente teria entrado para a crônica policial como mais um caso anônimo, sem corpo nem solução, se não tivesse entre os acusados um personagem que imediatamente chamou a atenção do público em todo o Brasil: Bruno de Souza Fernandes, 27, então goleiro titular e capitão da equipe principal de futebol do Flamengo, do Rio.

Desde que o nome de Bruno emergiu como o principal suspeito pelo sumiço de Eliza, foi desfraldado um enredo –ainda inacabado– repleto de reviravoltas, declarações polêmicas, versões fantasiosas e pistas falsas. A morte também provoca perguntas, por enquanto sem respostas: Bruno mandou matar Eliza? Onde está o corpo? Eliza pode estar viva?

Com o julgamento, Bruno e quatro réus presenciam versões do caso –e de fatos a ele relacionados– narradas por advogados e testemunhas. Ao cabo de duas semanas, tempo previsto de duração dos trabalhos, sete jurados definirão se os cinco réus são culpados ou inocentes. A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem, conduz o julgamento.

O desaparecimento de Eliza

A paranaense Eliza Silva Samudio tinha 25 anos em junho de 2010, quando, segundo relatos de amigos, saiu do Rio de Janeiro, onde morava, e foi para Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, para conversar com o goleiro Bruno, pai de seu filho, então um bebê de apenas quatro meses. O atleta estava em compromisso pelo Flamengo, mas iria logo depois.

Bruno mantinha um sítio na cidade mineira, onde costumava descansar e reunir amigos. Revelado pelo Atlético Mineiro em 2005, o goleiro estava no Flamengo e morava no Rio desde 2006. Foi no Rio que Bruno começou a se relacionar com Eliza, no início de 2009. Cerca de um ano depois, em fevereiro de 2010, eles tiveram um filho.

Amigos contam que o relacionamento entre os dois havia “azedado” logo que Eliza soube que estava grávida. Eles relatam que Bruno e Eliza brigavam muito, e o goleiro a teria agredido e obrigado a tomar remédios abortivos quando soube da gravidez. A pedido dele, Eliza teria ido ao sítio de Minas para tentar chegar a um acordo sobre a paternidade da criança. Foi e não voltou, dizem.

Investigação e “revelação”

Conforme a investigação, cerca de três semanas após Eliza ter sido levada para Minas, um telefonema anônimo para o Disque Denúncia (181) informou que ela havia sido agredida e morta no sítio do goleiro em Esmeraldas. Imediatamente a polícia conseguiu um mandado de busca e apreensão e seguiu para o local, onde fez buscas e encontrou roupas de mulher, fraldas e objetos de criança.

Mas foi no Rio que o caso “explodiu”, no início de julho, quando a polícia encontrou, na casa do goleiro, em um condomínio fechado no Recreio dos Bandeirantes, um adolescente de 17 anos, primo do goleiro, que afirmou ter participado do sequestro de Eliza. Segundo depoimento do menor, ele e Luiz Henrique Romão, o “Macarrão”, levaram Eliza e o bebê para o sítio em Esmeraldas.

Em seguida, de acordo com o adolescente, ela foi levada a Vespasiano, para a casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o “Bola”, acusado de ser o executor do crime. Lá, Eliza teria sido amarrada, estrangulada e esquartejada, e partes do corpo teriam sido jogadas a cães da raça rottweiler, que as comeram. O bebê não estava junto, havia ficado 40 km para trás, no sítio em Esmeraldas, sob os cuidados da mulher de Bruno, Dayanne Souza.

No dia seguinte ao depoimento do menor, a Justiça de Minas Gerais pediu a prisão preventiva de Bruno e mais oito pessoas, todas suspeitas de participarem direta ou indiretamente do crime: Bruno, MacarrãoBola (suspeito de matar Eliza), Dayanne, Fernanda Castro (amante de Bruno), Elenilson Vítor da Silva (caseiro do sítio), Flávio Caetano de Araújo (amigo), Wemerson Marques de Souza (amigo) e Sérgio Rosa Salles (primo de Bruno). Os cinco primeiros começam a ser julgados hoje. Dos demais, um foi assassinado (Sérgio), um não foi pronunciado por falta de provas (Flávio) e dois serão julgados em data a ser definida.

O menor que contou tudo à polícia hoje é maior. Jorge Rosa foi condenado pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem a cumprir medida socioeducativa por envolvimento no caso. As informações de Rosa serviram de base para as investigações da polícia. Porém, após apontar Bruno, Bola e Macarrão como os autores do crime, ele voltou atrás e negou a versão. Atualmente, faz parte de programa de proteção de testemunhas do governo de Minas Gerais.