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Documentos sobre a repressão na ditadura são entregues à Comissão da Verdade

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O governador Tarso Genro entregou, nesta terça-feira (27), aos representantes das comissões estadual e nacional da Verdade, Aramis Nassif e Claudio Fonteles, respectivamente, documentos oficiais relativos ao período da ditadura militar no Brasil (1964 – 1985) encontrados no Estado. O material foi apreendido pela Polícia Civil gaúcha durante investigação na residência do coronel do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, ex-comandante do Destacamento de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), assassinado no início deste mês em Porto Alegre.

O ato de entrega aconteceu de forma solene no Palácio Piratini. Os documentos apreendidos revelam detalhes inéditos sobre o episódio ocorrido no Riocentro (1981) e sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, desde 1971. A filha de Paiva, Maria Beatriz Paiva Keller, compareceu ao ato e recebeu das mãos do governador uma cópia da ficha de registro da entrada de seu pai no DOI-Codi, datada de 21 de janeiro de 1971. O documento também foi encontrado na residência de Molinas.

Maria Beatriz fez uma manifestação emocionada ao relembrar que seu pai foi retirado de casa pela polícia há 40 anos: “Nossa família tem a sensação de que a história do meu pai é uma história inacabada. Para nós, familiares, este é um filme que não tem fim. A Comissão da Verdade está aí para isso: para esclarecer, para que a história seja contada o mais rápido possível”, disse.

O representante da Comissão Estadual da Verdade, Aramis Nassif, se disse satisfeito com o fato de os documentos poderem revelar parte do que aconteceu: “Espero que outros documentos apareçam, porque nós temos o direito à informação, ao resgate da história brasileira. Assim, poderemos evitar que outros momentos trágicos como estes se repitam”.

Claudio Fonteles, da Comissão Nacional da Verdade, falou da importância da união dos esforços para a busca da verdade: “A beleza deste instante, em que as comissões nacional e estadual se irmanam no processo de reconstrução da história do nosso País, é a solução para conflitos, para que erradiquemos a violência, a truculência, os assassinatos desmesurados e generalizados”.

Último a falar, o governador Tarso Genro ponderou: “Em outros tempos, talvez estes documentos fossem parar em outras mãos. Este é um ato de busca da verdade, uma reconciliação com a nossa história”.