A dois dias da eleição municipal em Porto Alegre, as coligações intensificam a campanha na rua. O chamado corpo a corpo com o eleitor ganhou força nesta sexta-feira e vai até este sábado. O impulsionamento nas redes sociais também entra no radar dos estrategistas. A “força-tarefa” montada pelas candidaturas busca convencer indecisos e virar votos. Os analistas dos partidos avaliam assim como alguns especialistas consultados pela Acústica FM que parcela considerável do eleitorado deixa a escolha do candidato para última hora.
“É verdade que nas últimas eleições os eleitores vem decidindo na última hora os seus votos, inclusive da majoritária. Percebemos que os institutos de pesquisa não conseguiram se aproximar muito perto da realidade. Evidente que grande parte do eleitor já tomou sua decisão. Muitos deixam para decidir no momento final. A gente trabalha muito agora a reta final no corpo a corpo com o eleitor para mostrar o que ele( Melo) quer fazer nos próximos quatro anos”, pontua o coordenador da campanha de Sebastião Melo, André Coronel.
Embora a maioria das pesquisas apontem que a candidata Juliana Brizola (PDT) possa vencer Melo em um eventual segundo turno, Coronel afirma que campanha de reeleição tem foco no presente, mesmo com o candidato do MDB tendo chances de vencer em primeiro turno.
“Evidente que a gente tem uma possibilidade de vencer no primeiro turno porque isso os números vêm mostrando essa possibilidade, mas quem vai decidir realmente é o eleitor, a gente trabalha com um cenário de segundo turno. Mas quem vai dar a voz final vai ser o eleitor no próximo domingo’’, destacou, coronel.
A campanha de Juliana Brizola (PDT) destaca que já percebia nas ruas um crescimento da adesão ao nome da trabalhista. O reforço da presença do governador Eduardo Leite na campanha foi destacado pelos marqueteiros de Juliana.
“Nós temos uma campanha crescente. A gente já tinha sentido nas próprias agendas de rua, e tínhamos a convicção também de que principalmente no nosso caminho de TV e de rádio que a gente precisava impor essa questão e foi dando certo. A verdade é que vem se agregando espontaneamente muita gente, então estamos tratando de manter a nossa militância aquecida. As pessoas têm formado aquela onda que a gente costumava ver mais cedo e agora aumentou nos últimos dias, ilustrou”, Tiago Brum, um dos coordenadores da campanha de Juliana Brizola ao paço municipal.
O PT também aposta no contato de Maria do Rosário com o eleitor nas ruas e um impulsionamento final na internet. A coordenação de campanha tem considerado muito positivos os números da coligação na rede. O debate na RBS, que ocorreu ontem, era muito esperado também para influenciar a decisão do eleitor
“O que as pesquisas nos deram é que o debate seria um ponto de inflexão. Nesse programa seria o momento onde as pessoas olhariam para eleição. Havia números que nos davam que quase 70% das pessoas estavam na expectativa de ver o debate para decidir o voto”. Agora é o momento da interação na presença da candidata, e a população deve ter sentido nas ruas o aumento da presença de território que também seguiu nas redes sociais. O eleitor deve ter visto mais windbanners, adesivo e bandeiraço, aponta o Coordenador de publicidade da campanha, Halley Urissané.
A decisão do eleitor
Especialistas têm observado, assim como os estrategistas das campanhas, que uma boa parcela do eleitorado toma decisão sobre o voto nos últimos dias, e avaliam que até sábado, o movimento para convencer o eleitor ainda estará presente no pleito também em Porto Alegre.
“Os eleitores prestaram atenção, tiveram interesse, eles estão fazendo a reflexão de voto, mas a decisão da conversão começou a ocorrer a partir desta quinta-feira. Então nada impede da gente já ter aquele fenômeno de uma pesquisa ser publicada na sexta e a urna abrir com o resultado diferente no domingo”, sublinha a diretora do Instituto de Pesquisa de Opinião (IPO), Elis Radmann.
Outro fator que chamou a atenção dos especialistas é uma certa desmobilização na campanha de rua nas semanas anteriores à reta final da eleição. Para o professor da Ufrgs, cientista político, Rodrigo González, os embates pouco expressivos levaram a essa falta de engajamento do eleitorado.
“Eu diria que acabamos ficando numa campanha morna, porque todos os partidos envolvidos num certo sentido tentaram evitar a reprodução da polarização de 2022 por diferentes motivos, mas isso fez com que também a campanha fosse menos intensa em termos de manifestações de opiniões. Ficou muito centrada no quem é responsável ou não pela cheia, quem é que vai aumentar as vagas aqui ali. Daí vem o Melo dizendo que já fez tudo e os outros falando que vão fazer mais, mas não houve nenhuma grande polêmica. Os próprios debates entre os candidatos são programas que não atraem muita atenção”, apontou.
A cientista política Elis Radmann também entende que há uma desmobilização do eleitor e aponta uma série de fatores, como o cardápio que a população tem para saber informações e conhecer os candidatos; um empoderamento das pessoas que votam.
“Você tem primeiro a diminuição de pessoas assistindo ao horário eleitoral gratuito, inclusive nos programas ou até pouco tempo nos comerciais, porque as pessoas estão vendo menos TV. O eleitor que era mais passivo hoje está mais ativo nas redes, ou seja, ele está empoderado. Ele escolhe o que vai assistir. Se ele ver uma discussão sobre alguma coisa de um dos candidatos, ele vai procurar este candidato e vai ver também na página do postulante, mas não só na página, ele vai dar o Google, se falou que tem denúncia de corrupção, ele vai pesquisar”, concluiu Elis.