Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (30), o deputado Marcus Vinícius de Almeida (Progressistas) criticou as recentes declarações do diretor financeiro global da Danone, Jurgen Esser. Em entrevista à agência Reuters, Esser afirmou que a multinacional francesa não compra mais soja do Brasil, alegando que o produto brasileiro estaria vinculado ao desmatamento. A fala do executivo provocou reações no setor agropecuário nacional, com ameaças de boicote aos produtos da Danone por parte de consumidores e representantes do agronegócio.
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Em seu pronunciamento, o deputado enfatizou que a decisão da Danone prejudica a imagem da soja brasileira no exterior e coloca em risco o setor agrícola em um momento delicado. “Essa declaração caiu como uma bomba para o agronegócio, justo quando estamos nos preparando para uma nova safra após um ano de seca severa e outro de enchentes intensas. Mais insegurança e instabilidade são lançadas sobre nossos agricultores, e isso é agravado por um governo que não defende nosso agro no cenário internacional,” afirmou o parlamentar.
Críticas à política internacional
O deputado ressaltou que a postura do governo federal contribui para o desgaste da imagem do agronegócio nacional no exterior. Segundo ele, as frequentes críticas do governo à política ambiental anterior e o foco em atender demandas internacionais comprometem a defesa da agricultura nacional. Marcus Vinícius mencionou que o Ministério da Agricultura precisou emitir uma nota oficial para a União Europeia reafirmando o compromisso ambiental do Brasil. “Em todas as oportunidades que o presidente Lula teve de subir à tribuna da ONU, ele criticou o passado sem defender o presente. Ignorou as queimadas, atribuindo-as ao aquecimento global, enquanto negligencia a defesa do nosso agro, que representa um terço do nosso PIB,” declarou o deputado.
Para o parlamentar, o governo deveria adotar uma postura mais firme para proteger os interesses brasileiros frente às demandas da União Europeia e empresas estrangeiras. Segundo Marcus Vinícius, o Brasil precisa ser respeitado por sua produção sustentável, e a Danone deveria adotar um tom de equilíbrio ao tratar da soja brasileira, reconhecendo a contribuição ambiental do setor.
Polêmica com o regulamento antidesmatamento europeu
O posicionamento da Danone se alinha às exigências do novo Regulamento Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), que visa impedir a importação de produtos associados ao desmatamento. O regulamento, previsto para entrar em vigor no próximo ano, obrigará empresas a rastrear cadeias de produtos agrícolas, como soja, carne, borracha e cacau, com exigências ambientais rigorosas. Segundo a Danone, a empresa optou por fornecedores asiáticos para evitar os desafios do rastreamento da soja brasileira.
Porém, a medida da empresa francesa foi recebida com repúdio pela Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), que considera a ação discriminatória e contrária à soberania brasileira. “Precisamos de mais respeito com a nossa agricultura. Se a Danone não demonstrar um posicionamento equilibrado e respeitoso, a resposta do mercado brasileiro será necessária. Somos produtores responsáveis e a Europa precisa reconhecer nossa sustentabilidade,” disse Marcus Vinícius, sugerindo que o Brasil poderia responder com boicotes.
Respostas do setor
O Ministério da Agricultura emitiu uma nota oficial para refutar as acusações de insustentabilidade. A nota destacou que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo, e que o sistema de comando e controle do país permite monitoramento eficiente do uso do solo.
O episódio reacendeu o debate sobre os impactos das normas internacionais no agronegócio brasileiro e o papel do governo federal em representar e defender os interesses do setor no exterior. Para o deputado, é essencial que o governo e as empresas europeias reconheçam a contribuição do Brasil para a preservação ambiental e mantenham o diálogo respeitoso em busca de soluções conjuntas. “A soja do Brasil e o agro brasileiro são sustentáveis. É inaceitável que nossa agricultura, reconhecida por seu compromisso ambiental, seja desvalorizada por interesses externos. Precisamos fortalecer a nossa posição para garantir o respeito que o setor merece,” concluiu Marcus Vinícius.
