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Rio Grande do Sul

OAB realiza ato em defesa da sustentação oral

A Ordem gaúcha defende de que a escolha pelo plenário virtual, ou não, seja da parte representada pelos advogados

A Ordem dos Advogados do Brasil-Seção do RS (OAB/RS) realizou, nesta quarta-feira (28), um ato público em defesa da sustentação oral nos tribunais gaúchos. A atividade, realizada no Espaço OAB/RS Cubo, no bairro Praia de Belas, teve como objetivo a elaboração de uma carta aberta reivindicando que a Resolução nº 591/2024 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não seja adotada pelos tribunais do Rio Grande do Sul.

OAB realiza ato em defesa da sustentação oral
OAB realiza ato em defesa da sustentação oral. Foto: Airton Lemos | Acústica FM

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A Resolução nº 591/2024 passou a permitir a inclusão no plenário virtual de todos os processos jurisdicionais e administrativos em trâmite nos tribunais. Além disso, atribui ao relator a decisão de manter ou retirar o processo do plenário virtual.

Neste modelo de julgamento, os advogados anexam um vídeo com sua sustentação oral para ser assistido pelos magistrados do processo. A alteração é duramente criticada pela Ordem gaúcha, que defende que a sustentação oral é ato ao vivo (presencial ou telepresencialmente). De acordo com as diversas manifestações da entidade sobre o tema, a figura do plenário virtual impede que o advogado ou a advogada tenha sua prerrogativa assegurada, visto que não há a garantia de que o vídeo será considerado pelos magistrados, além de não prever a possibilidade de a advocacia externar a defesa, os argumentos, ou ainda acompanhar o debate entre os julgadores, ficando impedida de fazer uma questão de ordem ou de fato.

Conforme o CNJ, a decisão ocorre diante da necessidade de acelerar o andamento processual no país. No entanto, o presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia, aponta o risco na ferramenta. “É evidente que a Justiça no Brasil precisa de mais celeridade, e essa também é uma demanda da Ordem gaúcha, mas isso não pode ser obtido com restrição do acesso à Justiça e do direito à ampla defesa. Se um advogado ou uma advogada é impedido de realizar uma sustentação oral, quem está sendo calado é o cidadão defendido por aquele profissional.”

OAB realiza ato em defesa da sustentação oral. Foto: Airton Lemos | Acústica FM
OAB realiza ato em defesa da sustentação oral. Foto: Airton Lemos | Acústica FM

Lamachia reitera os impactos da medida no exercício da advocacia. “O plenário virtual restringe o exercício profissional, já que o advogado possui duas ferramentas de trabalho: a escrita e a fala, e essa medida impede o uso de uma delas. A sustentação oral precisa ser realizada ao vivo, seja presencial ou telepresencial, para que o advogado possa fazer uma questão de ordem ou de fato e para que possa acompanhar o debate dos magistrados do processo.”

Em 2023, a Ordem dos Advogados do Brasil seccional do Rio Grande do Sul lançou a campanha “Vídeo Gravado Não é Sustentação Oral”, veiculando mensagens em rádios e redes sociais para alertar sobre os riscos que a proibição do uso da tribuna pelo advogado representa para a sociedade. Além disso, o presidente da instituição foi ao Conselho Federal da OAB (CFOAB) em um esforço para nacionalizar essa luta. A discussão chegou ao Senado com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 30/2024, que garante o direito da advocacia de realizar sustentação oral em qualquer sessão de julgamento, em tribunais de qualquer natureza. Em outubro de 2024, a OAB/RS emitiu uma nota pública manifestando-se contra a Resolução 591/2024 do CNJ.

Tags: OAB/RS, Rio Grande do Sul