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Hospital de Canguçu suspende internações

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Se agravou o caos que vive já há pelo menos três anos o Hospital de Caridade de Canguçu. Antes uma referência para diversas especialidades na região, o local foi obrigado a suspender todos os atendimentos, mantendo apenas pacientes internados até que estes recebem alta ou sejam transferidos. Além disso, os funcionários mantêm greve por conta de salários atrasados desde setembro.

Em novembro, cálculos apontavam dívida superior a R$ 25 milhões. Naquele período, o hospital deixou de realizar internações clínicas, mas manteve o atendimento de urgência. Agora, até mesmo este serviço está interrompido. Atualmente, 25 pessoas se encontram internadas no prédio – funcionando a pleno, a instituição lota os 100 leitos diariamente – são ainda mais 20 na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A maternidade só internará gestantes que estiverem já em trabalho de parto.

De acordo com a técnica em enfermagem da instituição, Luciara Lira, destaca que a falta de recursos tem causado escassez inclusive de materiais básicos para o funcionamento de um hospital. É o caso de soros e reagentes para exames laboratoriais, além de medicamentos de todos os tipos. “É uma tristeza. De três anos para cá a realidade é greve e falta de condições de dar à comunidade um atendimento que elas têm direito. O SUS é sempre prejudicado”, lamenta.

Além das péssimas condições de trabalho, os funcionários lidam diariamente também com atraso nos pagamentos. A última vez que os salários foram pagos foi em setembro – e apenas 35% dos vencimentos totais. Com a folha de dezembro já em vigor, vão-se três meses sem receber. “Nós já não temos mais condições psicológicas e nem físicas. Trabalho aqui há 25 anos e jamais vi chegar nessa situação”, completa Luciara.

Posicionamentos

Em contato com o Diário Popular, a atual Coordenadora Regional de Saúde, Rôde Hartwig, utilizou a crise financeira do Estado como uma das justificativas para a crise do Hospital de Caridade de Canguçu – que é a também de tantos outros que dependem de repasses estaduais. Mas disse crer, com certa ênfase, em má gestão. “Embora estas instituições façam parte da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, existe um provedor.” Rôde também afirmou que, até a tarde de ontem, não havia recebido oficialmente a notícia da suspensão das internações, ao que não poderia comentar o assunto.

O prefeito Marcus Vinícius Pegoraro (PMDB) vai na contramão das declarações da coordenadora regional de Saúde e afirma: “O que o hospital vive neste momento é reflexo dos atrasos nos repasses do Governo do Estado “. De acordo com o diretor executivo do hospital, Juan Vargas Soto, desde setembro o repasse mensal de R$ 300 mil do governo do Estado está sendo pago de forma parcelada – os R$ 150 mil de incentivos não são pagos desde setembro.

O chefe do Executivo municipal ressalta que dialoga com o hospital para serem mantidos os serviços oferecidos através dos recursos – de R$ 221,3 mil – liberados todos os meses pelos cofres do município. “Se isso não acontecer, também não teremos como manter os repasses integrais”, enfatiza. E refere-se a atendimentos de pediatria, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia e pronto-socorro.

A expectativa pela chegada de aproximadamente R$ 400 mil de incentivo que não vinha sendo repassado pelo governo federal também foi destacada pelo prefeito. A estimativa é de que o dinheiro, assegurado por bloqueios judiciais, caia na conta do Hospital de Caridade nos próximos dias.