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Mãe de menino morto em Encruzilhada do Sul alega que também sofria agressões

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Indiciada junto com o companheiro pela morte do filho caçula, espancado em Encruzilhada do Sul, a mãe do pequeno Enzo Gabriel Quintana Dilenburg alega que também era vítima de violência doméstica. Vanessa Quintana, 30 anos, contou ao advogado de defesa, Diego Lopes dos Santos, que o padrasto de Enzo e autor confesso da morte do menino, Jonatas Gomes de Melo, de 32 anos, já a teria agredido inúmeras vezes.

“Ela relata uma série de agressões e de abusos por parte do ex-companheiro, que inclusive culminaram na separação do casal meses atrás”, contou Santos. Ao sair da casa do parceiro, Vanessa teria procurado uma igreja evangélica para “recomeçar a vida”. Jonatas teria ido atrás dela e começado a frequentar os cultos. “Ele teria passado também a fazer tratamentos, de forma a convencê-la de que teria mudado sua forma de agir. Diante dessa aparente mudança, ela acabou retornando ao lar”, detalhou.

Conforme Santos, testemunhas do caso teriam confirmado que Jonatas seria um homem agressivo. “Todas as testemunhas falaram isso, que ele era agressivo, fazia uso de drogas, às vezes combinava drogas com bebida e medicamento e aí, quando isso acontecia, ele fazia um incêndio”, relatou o advogado.

Apesar dos indícios colhidos pela polícia, a defesa afirma ainda não saber se as crianças sofriam agressões. “Vanessa diz que ele era extremamente agressivo. Mas para verificar a extensão dessa agressividade, se só envolvia a mãe ou também os filhos, a gente ainda precisa verificar com calma, com ela”, comentou.

 

Justiça deve definir hoje se Vanessa continuará solta

A defesa de Vanessa Quintana espera que a Justiça determine ainda hoje, antes do período de recesso de fim de ano do Poder Judiciário, se ela irá responder ao processo presa ou continuará em liberdade. Após o indeferimento do pedido de prisão preventiva feito pela delegada Raquel Schneider, na quinta-feira passada, a Polícia Civil reiterou a solicitação após a conclusão do inquérito, na sexta-feira. O advogado de Vanessa, Diego Lopes, acredita que a resposta do Judiciário deve se manter a mesma.

“A magistrada avaliou com muita propriedade o pedido e refutou ponto a ponto. Como a polícia não reformulou o pedido, é muito improvável que esses critérios que já foram desconsiderados sejam reavaliados de forma diferente”, argumentou. Apesar do parecer favorável do Ministério Público, Lopes acredita que não há elementos suficientes para a prisão preventiva de Vanessa. “É preciso mais do que indícios de autoria. A permanência da Vanessa em liberdade não afeta a instrução ou a ordem pública. Além disso, a prisão dela é motivada por um clamor popular, sendo que mais tarde pode se constatar a inocência, e aí, não tem como reparar a injustiça.”

 

Calmantes

Na madrugada em que Enzo foi assassinado, Vanessa estaria sob efeito de calmantes. Conforme o advogado, ela passou por um exame toxicológico solicitado pela polícia, que apontou o uso de Rivotril. O uso de drogas, no entanto, não teria sido constatado. “Em sono profundo, ela não viu o que aconteceu. Mas ela nos disse, diversas vezes, que se tivesse visto teria impedido, teria ‘ido’ no lugar no filho.”

A notícia de que foi indiciada juntamente com Jonatas de Melo, conforme Lopes, “foi recebida com surpresa pela mãe”. Em uma das entrevistas com o advogado, que se habilitou para o processo nessa segunda-feira, Vanessa teria sofrido um princípio de ataque de pânico. Na primeira oitiva com a delegada Raquel Schneider, horas após o crime, ela teria demonstrado sintomas semelhantes e foi encaminhada para atendimento médico.

De acordo com Santos, Vanessa está morando com o pai em Venâncio Aires. Devido ao uso de calmantes, não teria condições de falar sobre o assunto. “Agora ela está medicada, até em vista do luto pelo filho. Estamos esperando uma situação mais amena para extrair mais informações e detalhes dela, para montarmos a defesa.”

Enzo morreu na madrugada de 5 de dezembro, em Encruzilhada do Sul. A causa da morte foi politraumatismo. Jonatas confessou ter batido no menino após usar cocaína, álcool e Rivotril, e está preso preventivamente desde o dia 6.