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Secretária da Fazenda afirma que não há espaço fiscal para revisão geral de salários dos servidores

As categorias do funcionalismo têm pressionado o Piratini por reajuste. A última revisão geral nos salários dos servidores estaduais foi concedida em 2022, na casa dos 6%. 

Após apresentação de um balanço sobre as finanças do estado nesta segunda-feira, a secretária estadual da Fazenda, Pricilla Santana, afirmou que não há espaço fiscal para conceder a revisão geral nos salários dos servidores públicos. 

“Não tem espaço” para revisão geral aos servidores do RS, afirma secretaria da Fazenda
“Não tem espaço” para revisão geral aos servidores do RS, afirma secretaria da Fazenda. Foto: Airton Lemos

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O teto de gastos controla a despesa primária do Estado. A gente está pegando coisas financeiras e transformando em primário, ao construir escolas, reconstruindo estradas. Tudo isso está virando despesa primária. E revisão geral é despesa primária. Este ano, não tem espaço. Este ano está bem complexo — destacou Pricilla.

 

As categorias do funcionalismo têm pressionado o Piratini por reajuste. A última revisão geral nos salários dos servidores estaduais foi concedida em 2022, na casa dos 6%. 

Outros aumentos foram concedidos a funcionários públicos gaúchos, mas distribuídos por categorias específicas.

Os servidores estaduais reivindicam uma reposição a todas as categorias. A principal demanda é uma elevação de 12,14% nos salários, para corrigir perdas acumuladas desde 2014.

E se a gente descumprir o teto de gastos? A consequência é perder as prerrogativas do Regime de Recuperação Fiscal.

Uma delas é contratar as operações de crédito que estamos pagando os precatórios. E vamos desenquadrar de um outro indicador, que chama 167A da Constituição, que traz outras grandes consequências — acrescentou a secretária

 

Fazenda apresenta balanço

Em balanço apresentado nesta segunda-feira, a Secretaria Estadual da Fazenda aponta que o resultado orçamentário dos primeiros quatro meses de 2025 foi um superávit de R$ 4,8 bilhões — R$ 1,3 bilhão superior ao mesmo período do ano passado — como efeito do Refaz Reconstrução.

Segundo o governo, abril teve uma arrecadação recorde para o mês, em função do programa de regularização de dívidas de ICMS.

Com o Refaz Reconstrução, uma das ações do Plano Rio Grande, a Receita Tributária Líquida apresentou crescimento de R$ 1,5 bilhão nos quatro primeiros meses do ano, quando comparada ao mesmo período do ano passado.

O saldo da dívida consolidada cresceu R$ 9,4 bilhões. O crescimento, que já ocorria devido ao escalonamento das parcelas possibilitado pelo RRF, manteve-se, a partir de junho, com a entrada em vigor da LC 206/2024, que postergou o pagamento da dívida por 36 meses e determinou a substituição da CAM (coeficiente de correção monetária) pelo IPCA para a atualização do saldo — além de determinar juro zerado nesse período.

Ao fim do período previsto, pela regra atual, a atualização do saldo devedor voltará a ser realizada por meio da CAM, nas condições atuais. A dívida com a União está em R$ 103,1 bilhões — um acréscimo de R$ 7,4 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado.

A despesa de pessoal deste primeiro quadrimestre, que representa aproximadamente 71% da despesa do Estado, apresentou variação de 14% (R$ 1,5 bilhão) quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Essa variação decorre do aumento de pagamentos a ativos e inativos com origem, principalmente, na reestruturação de carreiras do funcionalismo estadual, aprovada em 2024 e com vigência a partir de janeiro de 2025.

Além disso, a despesa com pessoal foi impactada pelo pagamento recorde de precatórios, já que a maioria dos precatórios são despesas de pessoal.

Analisando as despesas do Estado por função, o peso dos gastos previdenciários fica em evidência, alcançando 34% da despesa total efetiva, valores superiores aos gastos nas principais funções (saúde, educação e segurança). Na sequência, os maiores gastos são com as funções saúde (17%), segurança (12%) e educação (12%).

Destaca-se que esses percentuais não guardam relação direta com a aplicação dos preceitos constitucionais de aplicação obrigatória de recursos em Educação (25%) e Saúde (12%), cujos cômputos baseiam-se na comparação de gastos nestas áreas com rubricas específicas de Receitas.

Esses percentuais de aplicação mínima são verificados ao final de cada ano, todavia no quadrimestre já foram aplicados 26,29% em educação e 10,12% em saúde, considerando a Receita Líquida de Impostos e Transferências acumulada de janeiro a abril.