Search
VOCÊ ARRUMA?

A psicologia explica o que está por trás do hábito de não arrumar a cama

Você já se pegou saindo de casa com a cama desarrumada e sentiu uma pontinha de culpa? Ou, ao contrário, percebeu que não ligar pra isso te traz uma estranha sensação de liberdade? O simples ato de não arrumar a cama pela manhã pode carregar muito mais do que preguiça ou desleixo — ele revela nuances profundas da nossa personalidade, do ambiente em que crescemos e até do modo como encaramos o controle da vida.

A psicologia explica o que está por trás do hábito de não arrumar a cama
A psicologia explica o que está por trás do hábito de não arrumar a cama

Por que não arrumar a cama revela tanto?

Segundo psicólogos comportamentais, a rotina matinal é um reflexo direto da nossa organização interna. Arrumar a cama está entre os primeiros atos de “ordem” que fazemos (ou não) no dia, e isso acaba tendo impacto sobre a forma como nos relacionamos com regras, obrigações e autocuidado. Quando alguém opta por não arrumar a cama, isso pode sinalizar, por exemplo, um estilo mais espontâneo, menos rígido e até mais criativo.

Mas atenção: o comportamento só é problemático quando vem acompanhado de outros sinais de desorganização emocional — como acúmulo de tarefas, dificuldade de concentração ou sentimentos de culpa constantes.

A origem do hábito vem da infância

A maneira como lidamos com as tarefas domésticas tem raízes nos nossos primeiros anos. Crianças que foram cobradas excessivamente para manter tudo em ordem podem crescer desenvolvendo uma certa resistência a rotinas rígidas. Não arrumar a cama, nesse caso, se torna quase um ato inconsciente de liberdade ou rebeldia.

Já quem cresceu em lares onde a cama era símbolo de respeito — sempre esticada, com colcha alinhada — tende a reproduzir esse hábito na fase adulta como sinal de autocuidado e disciplina. Mas o oposto também pode acontecer: algumas pessoas simplesmente nunca foram ensinadas a dar valor à cama arrumada e por isso não percebem o gesto como algo necessário.

Não arrumar a cama pode fazer bem (de verdade)

Um estudo da Universidade de Kingston, na Inglaterra, apontou algo curioso: não arrumar a cama logo cedo pode ajudar na saúde. Isso porque, durante a noite, o corpo libera suor, células mortas e umidade no colchão e nos lençóis. Ao deixar a cama “respirar”, você dificulta a proliferação de ácaros, que se alimentam justamente desses resíduos. Ou seja: a bagunça pode, ironicamente, ser mais higiênica que a pressa em esticar os lençóis.

Ainda assim, vale o equilíbrio. Deixar a cama ventilar por alguns minutos e só depois arrumá-la pode ser o meio-termo ideal entre estética e saúde.

O que dizem os perfis psicológicos?

Pessoas com traços de personalidade mais livres — como os do tipo “perceptivo” nas classificações de Myers-Briggs — tendem a se incomodar menos com a desordem visual. Para esse grupo, a cama desarrumada não é um problema, mas sim uma escolha. Elas priorizam tempo, energia e conforto emocional, deixando de lado o que não consideram essencial.

Já indivíduos com perfis mais “organizadores” — como os tipos “julgadores” ou metódicos — normalmente arrumam a cama até de forma automática. O gesto faz parte de uma mentalidade de controle e previsibilidade que traz sensação de segurança para o dia a dia.

E o impacto no cérebro?

Neurocientistas afirmam que ambientes desorganizados podem gerar estímulos visuais que aumentam o estresse, mesmo que de forma inconsciente. Porém, isso não é universal. Há cérebros que operam bem em contextos caóticos, enxergando beleza e funcionalidade naquilo que outros chamariam de bagunça.

O importante é entender qual tipo de ambiente estimula você a ser mais produtivo e bem-estar. Se a cama desarrumada te incomoda, vale testar deixá-la em ordem por alguns dias e observar o efeito. Mas se ela não te atrapalha e, ao contrário, te dá a sensação de leveza e liberdade, está tudo bem também.

Pressão estética ou hábito saudável?

Muitas vezes, a cobrança para arrumar a cama não vem de dentro, mas de fora — das redes sociais, da expectativa de visitas ou do que foi aprendido como “certo”. Há uma espécie de glamour na estética da casa perfeita, que muitas vezes desconecta a realidade da funcionalidade.

Arrumar a cama deve ser uma escolha consciente, e não um fardo imposto. Se o gesto te ajuda a começar o dia com mais estrutura, ótimo. Mas se ele consome sua energia e te impede de se concentrar no que importa, talvez seja hora de repensar esse ritual.

Uma cama desarrumada pode indicar uma mente ocupada

Pessoas muito criativas ou intelectualmente engajadas costumam despriorizar tarefas consideradas banais. Nesses casos, não arrumar a cama é apenas uma consequência de uma mente focada em outras dimensões. Inclusive, há estudos que associam a desorganização do ambiente a maior capacidade de pensamento divergente — aquele que encontra soluções fora do óbvio.

Por outro lado, se a cama desarrumada vem acompanhada de desânimo, apatia e desleixo generalizado, isso pode ser sinal de desequilíbrio emocional, como depressão ou burnout. O importante é olhar o contexto geral.

No fim das contas, a cama desarrumada é só um detalhe. Mas como qualquer detalhe, ela pode contar histórias sobre quem somos, o que valorizamos e como lidamos com o mundo ao nosso redor. Em vez de julgar, talvez devêssemos perguntar: o que esse gesto — ou a ausência dele — está tentando me dizer hoje?

Clique aqui para mais conteúdos 

Tags: _g4conteudo, Curiosidades, dicas de casa