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Fórum da Liberdade debate papel do lucro nos negócios

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Há empreendedorismo sem lucro? A pergunta que intitulou o painel de abertura da 26ª edição do Fórum da Liberdade, no final da tarde de ontem, poderia parecer, em primeira análise, um tanto quanto sem sentido. No entanto, pelo menos nas avaliações dos palestrantes, a resposta mais plausível ao questionamento é afirmativa. Isso porque, segundo o apresentador de TV, Luciano Huck, o fundador da Netshoes, Marcio Kumruian e o professor e diretor do BRIClab, da Columbia University, Marcos Troyjo, antes de pensar nos ganhos reais é preciso superar etapas ligadas a criatividade, os processos, a inovação e aos ganhos de escala para, em seguida, deslanchar nos negócios.    

A opinião se justifica nos números da Netshoes, apresentados pelo criador da rede de lojas de calçados, hoje com atuação exclusiva na internet. Conforme comenta Kumruian, a decisão de abandonar um crescimento de 8% nas unidades físicas para migrar às plataformas digitais em meados de 2006 não foi fácil. Todavia, a escolha foi responsável por levar o faturamento a R$ 1 bilhão em 2012, uma média de 30 mil pedidos diários e 44 mil despachos a cada 24 horas.

“Isso não teria sido possível se antes do lucro não apostássemos na excelência dos serviços, pois nosso produto existe em qualquer lugar. O nosso diferencial não poderia contemplar o lucro, pelo menos, não em um primeiro momento”, revela. Já o apresentador de TV e empreendedor Luciano Huck afirma que o lucro pode ser relativo e não estar traduzido apenas no retorno financeiro, e, sim, na satisfação. Com experiência de atuação no terceiro setor, Huck conta que o trabalho em comunidades cariocas já formou 1,6 mil pessoas aptas a servir como mão de obra ao setor audiovisual.

O diretor do BRIClab, da Columbia University, Marcos Troyjo, criticou a atuação do governo federal pela “falta de vontade politica em trabalhar firme na estratégia do empreendedorismo”. Para ele, a carência leva a uma inversão de papéis que deflagra a opção massiva da população por concursos públicos, ao mesmo tempo em que o empreendedorismo econômico é relegado a segundo plano. 

Durante a cerimônia de abertura do fórum, marcada pela entrega dos prêmios Libertas e Liberdade de Imprensa aos empresários João Roberto Marinho (Organizações Globo) e ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto, o presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) – entidade organizadora do evento -, Michel Gralha, teceu duras críticas à atuação do governo brasileiro. Ao apresentar o tema de 2013, “O que se vê e o que não se vê” ele destacou os assuntos que estarão em alta até o final do dia de hoje no prédio 40 da Pucrs, em Porto Alegre. 

Empreendedorismo, liberdade de imprensa, segurança pública, educação, protecionismo, gasto público e infraestrutura despontam como o principal foco dos sete painéis. “Liberdade é se libertar do paternalismo do Estado. No Brasil, infelizmente, quem espera acaba alcançando, nem que seja um bolsa família no final do mês, pago com os excessivos impostos cobrados de vocês”, bradou Gralha, sem considerar os cerca de 50 milhões de pessoas que foram elevadas a uma nova situação de consumo em razão do programa federal, o que por si só determina um modelo de consumo que tem favorecido o surgimento de empreendimentos no varejo e no setor de serviços.

A defesa do estado mínimo ecoou nos corredores do Fórum da Liberdade.  “Quem não é valente não empreende e não gera riqueza. Os ditos populares refletem a cultura de um país e vivemos um momento em que os estados, muitos deles na América Latina, conduzem a nação ao descalabro da estagnação. Vamos ouvir os nossos palestrantes com a mente aberta e fazer o fórum do basta”, convocou. 

Na avaliação de Gralha, se os processos de gestão são importantes às empresas, não existem motivos para que o Estado não aplique a meritocracia sobre o funcionalismo público. “Infelizmente, em um País marcado pelo capitalismo de Estado essa é um realidade que parece impossível”, acrescentou.