Embora muitos não entendam, ser gari não é fácil. Além de lidar com a própria força do trabalho, algumas pessoas ainda olham os profissionais com preconceito. Em Camaquã, a situação não é diferente, Manoel Sirlão da Silva, de 55 anos, contou um pouco sobre sua história e rotina de gari no município. Silva atua na área há cerca de 10 anos.
O homem conta com clareza:
“Desde o primeiro dia que trabalhei, continuo do mesmo jeito, o meu interesse sempre é o mesmo, faço isso aí [trabalhar como gari] bem feito”.
Silva relata que acorda bem cedo, começa na atividade às 7h, e têm um único objetivo: deixas ruas da cidade limpas para a comunidade. Segundo o gari, no início da profissão, ele se constrangia, depois acabou se acostumando, afinal, é uma profissão honesta e que provem o sustento dele.
Para muitos, a profissão é comum, mas possui uma alta importância para a cidade. Afinal, se preocupar com a limpeza do município, também é se preocupar com a saúde. “Se eles [garis}, não fizerem, quem vai?”.
O preconceito é um problema que os profissionais enfrentam. Segundo Silva, discriminam a profissão como sendo “coisa de presidiário”. Em alguns casos, quando os garis pedem água, ele revela que as pessoas negam ou ignoram o pedido. O fato de trabalhar com lixo, parece não agradar pessoas. “A gente trabalha com lixo, mas só na vassoura, pazinha e com luvas”, declara o gari camaquense.
– Tu és presidiário? Tem ficha suja (perguntas de moradores)
– Não, a minha ficha é tão limpa quanto a sua
Apesar de existente, Manoel fala que ao decorrer dos anos, o preconceito vem caindo. As pessoas estão aos poucos se conscientizando que a profissão é importante. Entretanto, ainda há um grande caminho pela frente para a situação definitivamente, mudar.
Diante de tudo, o profissional diz que gosta do que faz. Ele mostra que já se acostumou e superou as dificuldades. Mas, deixa um recado para os camaquenses:
“Continuem ajudando a gente a manter a cidade limpa. Valorizar nosso serviço, valorizar a cidade e o meio ambiente”.