O mês de setembro, marcado pela comemoração da Semana Farroupilha, está chegando. Mas os recentes casos de Mormo têm preocupado os criadores de cavalos e também os apaixonados pela cultura gaúcha. Com um caso confirmado na cidade de Rolante e outros preliminares nas cidades de Cruz Alta e Carazinho, a doença equina ameaça a realização dos tradicionais desfiles.
A Rádio Acústica FM conversou, na manhã desta segunda-feira (10), com o médico veterinário Wilson Ricardo Santos, fiscal agropecuário da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul. Ele explicou o que é a doença: “O mormo é uma enfermidade infecciosa fatal, causada pela bactéria Burkholderia Mallei, que afeta principalmente os cavalos, os asnos e as mulas. É transmissível ao homem e a outros animais”.
A fonte de infecção mais comum do Mormo é a ingestão de alimentos ou água contaminados. Os aerossóis e fômites contaminados, que entram em contato com os animais através dos arreios e equipamento, também podem ser fonte de infecção. “O grande problema do Mormo é que o período de encubação varia de alguns dias até vários meses”, explicou o agropecuário.
Ainda segundo Wilson Ricardo Santos, o Brasil era livre do Mormo até alguns anos atrás, quando a doença começou a afetar o Nordeste do País. “Essa doença tem um caráter bastante grave, principalmente porque ela é uma zoonose, ou seja, ela contamina os humanos e ela é fatal. Esse estado no momento em que passa a ser considerado contaminado, ele deve tomar ações de defesa. No caso do mormo, para eliminar a doença”.
O Mormo causa nos animais a formação de nódulos e ulcerações nas vias respiratórias e pulmonares. Nos cavalos, a evolução do mormo é geralmente de forma crônica, com alguns animais podendo sobreviver como portadores da doença por vários anos. Atualmente, não existe nenhum tratamento com medicamentos veterinários capaz de curar a infecção.
Quando constatado o primeiro caso, os animais devem ser sacrificados, porque a doença é fatal e não existe cura. Uma prevenção importante, segundo o agropecuário, é o GTA (Guia de Trânsito Animal). “Se os animais andarem todos com o GTA, quando houver alguma enfermidade, nós podemos rastrear onde esses animais andaram. No caso específico de Rolante, não havia trânsito com o GTA, então fica difícil para rastrear onde foi essa doença”.
Antes dos eventos, os proprietários dos animais devem estar atentos para os exames. “Se animais portadores forem para o evento, e porventura, lá houver a contaminação, o estrago pode ser muito maior do que a decepção agora de não poder desfilar. Eu não estou dizendo que não vai haver desfile, mas para que haja, deve haver uma organização”.
Wilson Ricardo Santos concluiu chamando a atenção para a importância do tema: “O assunto é bastante sério, e deve ser encarado desta forma. Imagina num parque, centenas de animais reunidos e um ou dois ali que podem estar contaminados”, destacou.