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Julgamento do Caso da Boate Kiss é retomado nesta quinta-feira (02)

Primeiro dia de júri durou quase doze horas de depoimentos. Foto: Airton Lemos/Acústica FM
Primeiro dia de júri durou quase doze horas de depoimentos. Foto: Airton Lemos/Acústica FM

A previsão para os depoimentos de sobreviventes da tragédia
da Boate Kiss é que eles devem começar a partir das 09h, nesta quinta-feira(02) com as oitivas das vítimas: Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montarão
Rosado.

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Na primeira hora da tarde, será ouvida a testemunha de
acusação Miguel Ângelo Teixeira Pedroso. Após, seguem os depoimentos das
vítimas Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore.

O último depoimento de Kelen Ferreira frequentadora da boate
acabou por volta das 22h. Em sua fala, Kelen se voltou contra o advogado de
Elissandro Spohr, Jader Marques e contra o próprio réu que apresentaram um
documentário sobre as dificuldades que Spohr estaria passando, após a tragédia
da boate Kiss; “Senti náusea, vontade de vomitar, quem sofre somos nós” afirmou
Kelen.

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Kelen disse pensar que não iria resistir à fumaça inalada
dentro da boate: “Eu achei que ia morrer ali. Pedi pra Deus para não morrer
ali”. Segundo disse no depoimento, ficou 78 dias internada no Hospital de
Clínicas em Porto Alegre. Ela ainda ressaltou que fez mais de cinco cirurgias
após a tragédia. De acordo com a sobrevivente não havia controle da entrada de
pessoas na boate.

Durante os últimos anos, a terapeuta ocupacional buscou
tratamento psiquiátrico. Ela ainda toma também medicamento para problemas
diagnosticados nos pulmões.  As consultas
com pneumologistas são constantes em função das sequelas provocadas pela fumaça
inalada.

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A Terapeuta Ocupacional Kelen Leite Ferreira estava com um
grupo de 8 amigos na boate Kiss na noite do incêndio. Segundo ela, a danceteria
estava lotada e havia uma longa fila para entrar. A jovem, que na época tinha
19 anos, amputou parte da perna direita em razão da tragédia. Hoje ela usa uma
prótese:

“Fiquei esperando por uma prótese na justiça, porque só o
encaixe é cinco mil reais. A dor dos sobreviventes é a dor das famílias”,
desabafou Kelen.

Em seu depoimento, contou ao Juiz Orlando Faccini Neto que,
quando o fogo começou, “ninguém avisou nada”. “Só vi uma
multidão na minha frente. Achei que fosse briga, só me atinei em correr”.
Ela disse que como enxergava pouco em razão da fumaça e não havia luzes
indicativas para auxiliar na saída, caiu, tentou voltar para buscar as amigas
(duas morreram), mas seguiu em direção à porta e tombou novamente.

Narrou que era frequentadora da boate, mas nunca viu
extintores de incêndio. O banheiro e a saída eram estreitos, na percepção da
vítima. “A gente ia lá achando que estava seguro”. Ela acredita
também que quem não conhecia o local teria dificuldades para sair de lá.

Disse que a Banda Gurizada Fandangueira havia feito show
dias antes na boate Absinto, que seria de propriedade do réu Mauro Hoffmann, e
que utilizaram na ocasião artefato pirotécnico. Também declarou que era comum o
uso desse material na Kiss, inclusive pela mesma banda.

As defesas dos quatro réus não fizeram perguntas à vítima. O
primeiro dia de júri do caso Kiss se encerrou às 22h10min e retorna nesta
quinta-feira (02), às 9h.

Primeira vítima fala por mais de quatro horas

Kátia Pacheco Siqueira foi a primeira vítima ouvida em
plenário e falou por mais de 4 horas. Na época, ela trabalhava na cozinha e no
bar da boate. Em razão do incêndio, teve 40% do corpo queimado e precisou passar
por cinco cirurgias de enxerto de pele e diversas cirurgias reparativas.

A vítima também foi submetida a tratamento psicológico e
psiquiátrico, chegou a parar de assistir televisão e evitava falar sobre a
tragédia.

“Quando me perguntavam o que eram as queimaduras no
braço, eu dizia que foi só um acidente. Só queria esquecer o que
aconteceu” disse ela.

Hoje, grávida, Kátia disse ainda se incomodar em recordar do
fatos. “Minha filha está sentindo todo o sofrimento que estou revivendo.
Neste momento, estou mais preocupada com ela do que comigo”.

O Juiz Orlando Faccini Neto foi o primeiro a fazer
perguntas. Ela contou que, na época em que trabalhava na Kiss, tinha contato
apenas com a irmã de Elissandro Callegaro Spohr e trabalhava no local entre
quinta-feira e sábado.

Conforme a vítima, quando não tinha movimento, a casa
recebia em torno de 300 pessoas; e quando estava lotada, “não podia andar
lá dentro”. Elissandro sempre estava presente nas festas.