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Cezar Schirmer depõe no julgamento da Kiss na quarta-feira (8)

Foto: Clara Angeleas
Foto: Clara Angeleas

Três testemunhas devem prestar depoimentos nesta terça-feira
(7) no Tribunal do Júri do caso Kiss, que ocorre no Foro Central de Porto
Alegre desde a última quarta-feira (1º). O julgamento já é o mais longo da
história do Rio Grande do Sul.

Neste sétimo dia de júri, estão previstos os depoimentos de
Venâncio Anschau, que é ex-operador de áudio da banda Gurizada Fandangueira, da
arquiteta Nivia Braido, que foi sondada por Elissandro Spohr, o Kiko, para
mudanças estéticas na casa noturna, e de Gerson da Rosa Pereira, chefe do
Estado maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros de Santa Maria.

Para esta quarta-feira (8), às 9h00, está previsto o
depoimento do ex-prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, atual secretário do
Planejamento de Porto Alegre.

Outra oitiva bastante aguardada é do promotor Ricardo Lozza
que firmou o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com Elissandro Spohr sobre a
questão do isolamento acústico da Boate Kiss.

Em um depoimento que durou mais de três horas, o
percussionista da banda Gurizada Fandangueira, Márcio de Jesus dos Santos,
irmão do vocalista do grupo, disse que Elissandro Spohr sabia que a banda usava
artefatos pirotécnicos quando tocava na Boate Kiss.

Foi um desses fogos de artifício que causou o incêndio da
danceteria, matando 242 pessoas, em 27 de janeiro de 2013. Márcio revela que um
rapaz pulou do balcão do bar e alcançou para Marcelo de Jesus dos Santos um
extintor de incêndio. Ele relata que o equipamento para combater incêndios não
funcionou. Ao menos três pessoas tentaram manusear o extintor, que estava sem
condições de uso.

De acordo com o relato de Márcio, a Gurizada Fandangueira
foi formada no final de 1998 e, desde então, utilizava esses recursos de
pirotecnia.

“Era um assunto que dava certo, que nunca prejudicou
ninguém”, disse.

Danilo, o gaiteiro da banda que faleceu no incêndio, era o
líder do grupo e quem fazia as negociações. Luciano era o roadie e quem cuidava
dos efeitos especiais.

“É um cara de bom coração, pró-ativo, que não esperava as
coisas acontecerem”.

O produtor estava com a banda há sete meses.

Com estilo sertanejo, o grupo agradava especialmente o
público universitário. Pelas apresentações, recebia em torno de R$ 700.
Individualmente ganhavam cerca de R$ 50, quando havia a participação de músicos
de fora de Santa Maria.

Na noite do incêndio na Boate Kiss, quando foram acionados
os fogos de artifício, Márcio disse que viu o princípio de fogo e cutucou o
irmão, Marcelo. A música parou.

“A sensação que eu tive era de impotência”, lamentou.

A testemunha disse que um extintor de incêndio foi
alcançado, e um rapaz tentou usar, mas sem funcionar.

“Ninguém atinou em avisar ninguém. A nossa expectativa era
apagar o fogo. Quando a gente viu que não ia conseguir, já era tarde demais”,
afirmou o ex-percussionista.

Na fuga, Danilo pediu que Márcio afrouxasse a gaita das
costas dele.

“Danilo foi encontrado (sem vida) dentro da boate com a
gaita pendurada no peito”, contou o ex-colega. Quando a correria começou, ele
disse que Marcelo perguntou pelos “guris” (os outros integrantes da banda), mas
não encontravam ninguém. Marcelo ficou desorientado e quase desmaiou.

Foi Márcio quem arrastou o irmão para a saída. Ao chegar na
porta, caíram e foram esmagados pelos que vinham atrás.

“Era muito desespero, uma tristeza”.

Márcio disse que viu Kiko já fora da boate, “em desespero”.

“A polícia e os bombeiros não tinham discernimento para nos
ajudar, imagina nós”, afirmou.

Antes de Márcio, houve as oitivas de Stenio Rodrigues
Fernandes, Willian Renato Machado e Nathália Daronch, respectivamente,
testemunha e vítimas arroladas pela defesa de Elissandro. A defesa de Mauro
Londero Hoffmann renunciou a uma testemunha. Já foram realizados 20 depoimentos
restando outras 8.