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“Cenário quase de guerra”, diz Bolsonaro após sobrevoar Petrópolis

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou hoje (18) as áreas
afetadas pelos temporais que deixaram 130 mortos em Petrópolis e avaliou que o
que viu foi um cenário quase de guerra. O presidente concedeu uma entrevista
coletiva acompanhado de ministros e autoridades estaduais e municipais, em que
foram anunciadas medidas de apoio à população da cidade.

“Vimos pontos localizados, mas de uma intensa
destruição. Vimos também regiões em que existiam casas, pelo que vimos
perifericamente ao estrago causado pela erosão. Então, é imagem quase que de
guerra, é lamentável. Tivemos uma perfeita noção da gravidade do que aconteceu
aqui em Petrópolis”, disse o presidente, que foi à cidade após chegar de
uma viagem à Rússia e à Hungria.

Bolsonaro disse que medidas preventivas a desastres estão
previstas no Orçamento, mas, no caso de emergências, as ações são diferentes, e
o governo fará sua parte.

“Muitas vezes, não podemos nos precaver por tudo o que
possa acontecer nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados. A população tem
razão em criticar. Aqui é uma região bastante acidentada. Infelizmente, tivemos
outras tragédias aqui. A gente pede a Deus que não tenhamos mais. E vamos fazer
a nossa parte”, disse o presidente.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho,
ressaltou que o volume de chuvas que atingiu a cidade foi atípico e um dos
maiores em 90 anos. “Isso por si só já geraria, aqui ou em qualquer outro
lugar do mundo, o desarranjo da estrutura da cidade e, no caso de Petrópolis,
há uma geografia muito particular. Isso aqui é uma bacia com escarpas e
montanhas e isso gerou problema de proporções maiores”, disse Marinho, que
se solidarizou com as famílias atingidas.

O ministro afirmou que o governo federal editará uma nova
medida provisória para socorro a áreas atingidas por desastres naturais no
valor de R$ 500 milhões, na semana que vem. Marinho destacou que, desde
novembro, o governo já liberou R$ 2 bilhões em recursos para áreas afetadas por
catástrofes climáticas.

No caso de Petrópolis, o primeiro plano de trabalho contou
com a liberação de R$ 2 milhões do governo federal para kits de alimentação,
limpeza e o trabalho de desobstrução de ruas.

“Esse é o início de um processo que vai perdurar um
tempo. Só saberemos a necessidade de reconstrução depois que normalizar o
processo dentro da própria cidade”, disse Marinho.

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães,
informou que o caminhão-agência do banco chegou ontem (17) ao município, já que
duas agências na cidade foram muito impactadas, e uma, no bairro de Alto da
Serra, foi totalmente destruída.

“Como fazemos o pagamento de diversos benefícios
sociais, como o Auxílio Brasil, é muito importante que retomemos o atendimento
o mais rápido possível.”

O coronel Leandro Sampaio Monteiro, comandante do Corpo de
Bombeiros do Rio de Janeiro, disse que o estado vem recebendo ajuda de outras
unidades da federação, inclusive com o envio de cães farejadores. Ele fez um
apelo para que os moradores de áreas de risco atendam às orientações da Defesa
Civil e dos bombeiros e deixem suas casas e se dirijam aos abrigos.

“Está chovendo muito na cidade. Nas últimas 24 horas,
choveu 70 milímetros. Então, acreditem no trabalho do Corpo de Bombeiros e no
trabalho da Defesa Civil.” 

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, lembrou que
contou com o apoio do governo federal e das Forças Armadas desde o primeiro dia
da tragédia e disse que o trabalho de resgate precisa ser feito com cuidado
porque ainda há locais em que o solo está instável. 

“Não adianta ter gente demais aqui. A imprensa tem
cobrado muito que tenham muitas pessoas. Há um problema sério de trânsito, um
problema sério de o local estar instável. Isso quem manda é a técnica”,
disse o governador.

 

Outras ações

Antes de embarcar para Petrópolis ao lado de uma comitiva de
ministros, o presidente Jair Bolsonaro deu uma declaração à imprensa na manhã
de hoje, na Base Aérea do Galeão. Ele disse que soube das enchentes e
deslizamentos no mesmo dia do ocorrido, quando se encontrava na Rússia, tomando
as providências durante a madrugada.

“Poucas horas após o ocorrido o governador Cláudio Castro já
estava em Petrópolis e conversei com ele sobre o que poderíamos e o que já
estávamos fazendo. Imediatamente liguei, era madrugada lá, para o ministro
Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, para saber o que estava
acontecendo, ele já havia determinado o que precisava de recursos extras no
Orçamento. Entrei em contato também de madrugada lá com o ministro Paulo
Guedes, para que ele agilizasse a liberação desse recurso. Tudo saiu como o
planejado.”

Na ocasião, o presidente da Caixa informou que o banco
estuda a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para as
pessoas atingidas em até R$ 6.220, além de pausas nos pagamentos de
empréstimos.

O ministro da Cidadania, João Roma, informou que sua pasta
tem atuado na orientação dos recursos para o acolhimento das 1,5 mil famílias
desabrigadas, no envio de donativos, na assistência social e no envio de cestas
de alimentos.

O ministro da Defesa, general Braga Netto, informou que
cerca de 820 pessoas das Forças Armadas estão atuando no local. “Foi deslocado
o Comando Conjunto Leste para a região. A Marinha já disponibilizou pessoal,
hospital de campanha e diversos meios, a força aérea estabeleceu um controle de
tráfego aéreo, em virtude da quantidade de aeronaves, o exército colocou
tropas, veículos e pessoal para apoiar a população desamparada. Foram
deslocadas guarnições de cidades próximas como Juiz de Fora e Rio de Janeiro,
solicitamos especialistas em engenharia e construção para identificar as
providências necessárias nas áreas de deslizamento.”

O prefeito de Petrópolis, Rubens Bontempo, informou que o
poder público municipal mantém as buscas às vítimas, além de trabalhar para
desobstruir as principais ruas e a restaurar a mobilidade cidade, bem como
garantir a volta dos serviços essenciais como a energia elétrica, a coleta de
lixo e o transporte.

TEXTO: Vinícius Lisboa/Agência Brasil