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Vai ter furacão? MetSul Meteorologia explica o fenômeno que atinge a costa gaúcha nesta terça-feira (17)

Pode haver furacão? Em coletiva de imprensa na noite de ontem da Defesa Civil Nacional e do Instituto Nacional de Meteorologia, os técnicos do órgão admitiram a possibilidade de o ciclone na costa gaúcha se transformar em um furacão.

Foto: Divulgação MetSul

Conforme Miguel Ivan, diretor do Inmet, “pode ser algo parecido com 2004”, fazendo referência ao furacão Catarina que atingiu ventos de quase 200 km/h. “Mas pode ser diferente, porque pode ser que aconteça em alto-mar e não chegue à costa”, afirmou. A afirmação do Instituto Nacional de Meteorologia não pode ser reputada como fake news, em especial partindo de um órgão oficial e que tem se notabilizado por desmentir as frequentes mentiras que circulam sobre o tempo e o clima na internet. O que há é uma interpretação pelos técnicos dos órgãos.

Meteorologistas não raro enxergam diferentes cenários de acordo com os dados que se valem para fazer a previsão, especialmente modelos numéricos. É absolutamente comum e recorrente no mundo inteiro que haja prognósticos distintos sobre um mesmo evento por diferentes meteorologistas. No caso deste ciclone, por exemplo, a esmagadora maioria dos meteorologistas no Brasil entende que será subtropical enquanto especialistas nos Estados Unidos entendem que haverá transição para tropical.

A MetSul Meteorologia não projeta a formação de um furacão na costa. Furacão é um ciclone de natureza tropical que, conforme o glossário do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, pressupõe vento de superfície sustentado máximo de 1 minuto de ao menos 64 nós ou 118,6 km/h. O vento sustentado neste episódio do ciclone Yakecan deve ficar no patamar de tempestade tropical ou subtropical que varia de 63 km/h a 118 km/h.

O que pode ocorrer, mesmo não sendo furacão, são rajadas com força de furacão (119 km/h ou mais). São rajadas de curta ou curtíssima duração que se sucedem por horas intercaladas com vento mais fraco.  É o que a MetSul está prevendo para pontos do litoral do Rio Grande do Sul e na Lagoa dos Patos, para onde os melhores modelos internacionais e o próprio modelo Cosmos do Inmet indica rajadas de 120 km/h a 140 km/h. Tempestades tropicais, subtropicais e mesmo ciclones extratropicais profundos podem gerar rajadas de vento muito fortes com força de furacão.

Em agosto de 2005, um violento ciclone extratropical e explosivo no Rio da Prata trouxe vento de 180 km/h em Montevidéu. Houve muita destruição e uma dezena de mortes no Sul e no Leste uruguaio. Leia mais Assim, há dois requisitos para que um ciclone seja classificado como furacão. Um, que seja um ciclone de natureza tropical, logo com centro quente, e este ciclone pode vir a preencher tal critério, embora haja divergência de interpretações sobre a sua natureza. Dois, que o ciclone tropical tenha vento sustentado (contínuo), e não esporádico em forma de rajadas, acima de 119 km/h, o que a MetSul avalia não ser provável.

Texto: MetSul