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Exemplos de intensificação sustentável marcam tarde do Mosaico do Agronegócio

Foto: Eduardo Rocha/Divulgação
Foto: Eduardo Rocha/Divulgação

A intensificação sustentável na prática foi tema de painéis
nas arenas Lavoura e Pecuária durante a tarde do Mosaico do Agronegócio, que
ocorre no Centro de Eventos do Hotel Wish Serrano, em Gramado (RS), e é
promovido pela SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócio, e Senar-RS. Os
assuntos se entrelaçaram entre as arenas de forma a convergir ao final.

Na arena pecuária, o painel começou com a apresentação do
produtor Gabriel Fernandes, da Estância Santa Maria, de Pedras Altas (RS), com
criação de bovinos de corte da raça Angus e bubalinos, além da produção de soja
irrigada e pastagem de azevém. Sobre sucessão, lembrou da herança do pai que
foi a de deixar a fazenda intacta e com os filhos unidos para tocar os negócios
depois de sua ausência. Apresentou também as ferramentas utilizadas em cada um
desses negócios. “Mas a irrigação é nosso carro-chefe, o que quisermos
fazer com a irrigação podemos fazer”, destacou. Mostrando também o
crescimento de 68 sacas por hectare para 74,4 sacas por hectare na produção de
soja nos últimos cinco anos. “A irrigação pode ser cara, mas o caro pode ser
não colher”, acrescentou, mostrando ainda números do custo do pivô de 12 sacas
por soja ao ano, o que traz uma produção média de 70 sacas por hectare.

Logo após foi a vez da apresentação de Jaime Jung, produtor
de leite em Redentora (RS), com uma propriedade de área produtiva de 18,5
hectares, mais uma pastagem perene de 3,64 hectares de pastagem perene de
verão, mais 7 hectares de silagem de milho e 7 hectares de soja, com rebanho de
41 animais, sendo 20 vacas em lactação. Com o apoio do programa de Assistência
Técnica e Gerencial do Senar-RS, teve como resultados, entre eles, a redução do
teor de proteína da ração de 22% para 14%, reduzindo o custo de produção, além
de aumentar a taxa de prenhez, melhorar geneticamente os animais com a
inseminação e investir em melhorias para a produção e conforto animal e
pessoal. Hoje, a produção chega a 155,08 mil litros de leite por ano, com
produção média de 23 litros por dia por vaca, aumentando o retorno anual da
atividade em 47,4%.

Na sequência, o Fábio Pereira Neves, da SIA, falou sobre a
intensificação sustentável na prática. “Os sistemas integrados são uma das
formas mais efetivas para aumentar a produtividade e fazer a diversificação”,
salientou, acrescentando ainda que qualquer sistema pode ser lucrativo, mas
somente alguns podem ser sustentáveis. Fechando, o representante da SIA do
Uruguai, Facundo Rodriguez de Almeida, apresentou a atuação da empresa no país
vizinho e seu modelo de trabalho.

Já a Arena Lavoura, à tarde, iniciou com a experiência de
Ivonei Librelotto proprietário da Fazenda Librelotto, de Boa Vista das Missões
(RS). O produtor apresentou o sistema de integração lavoura-pecuária
desenvolvido na fazenda. Citou que produzem soja, milho e trigo duplo
propósito, além de aveia e azevém. Quanto ao gado, Librelotto esclareceu que 65
hectares são dedicados à pecuária, sendo 15 hectares de pastagens e o restante
de campo nativo melhorado, para um número de cabeças que varia entre 300 a 400
animais. “Eu falo de uma integração simples, descomplicada”, explicou o produtor.
Ele disse que fazem um feijão com arroz bem temperado que tem atraído muitos
interessados em conhecer o sistema integrado desenvolvido na fazenda. E fez um
alerta: “Essa paixão por A ou por B é que está nos matando”.

Bruno Boing Filho, da Agropecuária Boing, do Mato Grosso,
foi o segundo palestrante da tarde. Ele iniciou contando que o pai, há 20 anos,
trabalhava com soja e milho.”Essa era a integração e hoje,a propriedade
trabalha com um sistema de cinco módulos, onde dois são de cultura fixa (pasto)
e três com rotação de cultura, entre pasto, soja e milho”, detalhou. Segundo
ele, o maior desafio que enfrentou foi na área da sucessão familiar. “Foi  convencer meu pai de que esse projeto era
viável, a montanha mais difícil que eu tive que escalar neste processo e depois
de dois anos, ele é meu maior parceiro”, concluiu. Como resultado, Bruno
apresentou a produtividade de 65 sacas por hectare em soja, 148 sacas por
hectare em milho e 780 quilos de carne por hectare.

Armindo Barth Neto, coordenador Técnico da SIA, apresentou a
terceira palestra da tarde, contando que o que vê na prática não são os
exemplos até então apresentados por outros produtores durante o Mosaico.
Segundo ele, são propriedades desenvolvendo a integração lavoura-pecuária com
pouca tecnologia. “O que vemos por aí são negócios de oportunidade, baixa
adubação das áreas, pouco investimento, um modelo em que a pecuária passa pouco
tempo na propriedade, e os ganhos se mostram pouco atrativos”, disse. Como alternativa,
apresentou um passo a passo para um negócio de resultados. “O modelo de negócio
da pecuária deve ser bem definido, é preciso ter manejo de pastagens, fechar as
janelas de rotação de cultura, gestão de pessoas bem afinada e aferição de
resultados”, resumiu. 

Texto: Nestor Tipa Júnior e Ieda Risco/Divulgação