Search
[adsforwp-group id="156022"]

5G vai permitir que máquinas agrícolas “conversem entre si”

Foto: Guilherme Martimon/MAPA
Foto: Guilherme Martimon/MAPA

A tecnologia foi uma das responsáveis por revolucionar as
máquinas agrícolas nos últimos 40 anos e transformar o Brasil num dos
principais fornecedores de alimentos do mundo, e vai alçar o país a patamares
ainda mais altos com a internet móvel de quinta geração. O impacto do 5G nas
máquinas agrícolas será considerável, além de agregar aos processos novos
equipamentos. 

Siga a Acústica no Google notícias tocando aqui 

A tecnologia vai possibilitar, por exemplo, a transmissão em
tempo real de imagens em alta definição de plantações para acompanhamento a
distância de uma equipe técnica, automação de processos, acompanhamento em
tempo real das condições climáticas e análises do solo e saúde do que está
plantado.

Em um exemplo prático, sensores conectados ao 5G podem medir
a temperatura e avaliar as condições hídricas imediatamente na plantação,
permitindo que os agricultores possam acionar a irrigação em uma determinada área,
mesmo estando a quilômetros de distância. Ações como essa reduzem custos e
ajudam a diminuir perdas na produção.

Receba todas as notícias da Acústica no seu WhatsApp tocando aqui! 

Pedro Estevão, vice-presidente da Associação Brasileira do
Agronegócio (ABAG), explica que a digitalização na agricultura eleva a produção
de dados e, com isso, eleva também a capacidade de fazer gestão de frota e
gestão agronômica, o que aumenta a produtividade como um todo.

“Hoje tem a Internet das Coisas e a experiência da
digitalização só está começando. Depois de se aprofundar, abre a possibilidade
de máquinas autônomas, máquinas inteligentes que captam dados da operação e do
meio ambiente. Ela utiliza o próprio banco de dados dela ou vai na rede e
verifica o banco de dados fora da máquina e toma decisão autônoma. Então, é um
mundo de possibilidades”, destaca o vice-presidente da Abag. “Todas elas visam
melhorar a produtividade, seja no sentido de economizar combustível, economizar
insumos, defensivos, fertilizantes, ou fazer uma operação melhor e ajudar o
meio ambiente. Você tem uma maior produtividade do maquinário em geral.”

A fim de otimizar a operação no campo, muitas máquinas
agrícolas já estão sendo fabricadas preparadas para a Internet das Coisas
(IoT), com sistemas informatizados que conversam entre si. Essas máquinas
captam as informações de vários processos e outros maquinários e as
correlacionam para gerar dados e análises a fim de melhorar as aplicações e
eficiência. 

Mesmo que o 5G esteja apenas começando no Brasil, a
indústria do setor já produz sistemas que utilizam computadores de bordo, GPS
agrícola, sistemas de controle automáticos e telemetria avançada.

Cláudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas
Agrícolas (Simers), conta que já foram feitos avanços com o 4G e a entrada da
quinta geração de internet móvel vai revolucionar a maneira com que se faz
agricultura.

“Quanto mais tecnologia nós tivermos no campo, mais
tecnologia nós vamos imprimir nas nossas máquinas. Nós estamos caminhando para
que colheitadeiras trabalhem sem operadores, isso não está muito longe. Isso
vai ser um ganho muito grande para a agricultura. Imagine, o cara está na
fazenda dele, no escritório, e poderá manejar as máquinas para que elas
trabalhem sem operador”, vislumbra Bier.

Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de
Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) explica que o 5G tem o
potencial de mudar o setor produtivo como um todo, tanto na cidade como no
campo.

“Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse
já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador,
seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que
se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo
produtivo se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca o
presidente da Abrintel.

Tecnologia no campo

A evolução da indústria de máquinas agrícolas desempenhou
papel fundamental no avanço do agronegócio brasileiro, transformando o Brasil
de importador a um dos maiores fornecedores de alimentos em apenas 50 anos. Os
primeiros tratores e colheitadeiras foram introduzidos em nossos campos entre
1959 e 1966 e a mecanização fez com que o setor se tornasse um dos mais
importantes para a economia brasileira.

A tecnologia continua ditando o mercado. Segundo Cláudio
Bier, a renovação do parque de máquinas agrícolas, na década de 1980, ocorria a
cada 16 anos. Hoje, ele ocorre mais cedo, já que os agricultores precisam
acompanhar a evolução dos modelos e otimizar os processos. “Hoje a vida média
de uma máquina é de dez anos, ou seja, o agricultor está trocando para buscar
novas tecnologias”, explica.

A organização e o intenso processo de modernização das
cadeias produtivas do agronegócio, incluindo as novas tecnologias e máquinas
agrícolas, fizeram com que o setor ganhasse ainda mais relevância em relação ao
Produto Interno Bruto (PIB). Segundo levantamento do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio brasileiro cresceu
8,36% em 2021. 

Diante do bom desempenho, o setor alcançou, no ano passado,
participação de 27,6% no PIB, a maior desde 2004, quando foi de 27,53%. Em
valores monetários, o PIB brasileiro totalizou R$ 8,6 trilhões em 2021, sendo
que o agronegócio representou mais de R$ 2,3 trilhões. A tendência é de um
aumento ainda mais significativo nos próximos anos, principalmente nas
exportações. De acordo com dados da Embrapa, a participação do Brasil no
mercado mundial de alimentos saltou, na última década, de US$ 20,6 bilhões para
US$ 100 bilhões. A produção de grãos, por exemplo, em 20 anos (2000 a 2020),
cresceu 210%, enquanto a mundial aumentou 60%.