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Pesquisa busca melhorar a capacidade do SUS de diagnosticar tuberculose em crianças

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A incidência de doenças respiratórias em
crianças e adolescentes é alta em todos os anos, mas a prevalência da
tuberculose nesta população é algo que desafia a saúde no Brasil. Da estimativa
de 70 mil casos anuais de infecção por Mycobacterium tuberculosis (bactéria
que causa a doença) registrados pelo Ministério da Saúde, cerca de 3%
ocorrem na população infantil. 


Além das mais de duas mil crianças que
recebem o resultado positivo, existem muitas outras que não têm acesso ao
diagnóstico pela dificuldade de identificação da doença neste público. A
consultora técnica do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do
Ministério da Saúde, Fernanda Dockhorn Costa, reforçou a preocupação com a
importância de diagnosticar e tratar esses pacientes durante a sua participação
no evento Conexão Proadi, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, na última
quinta-feira (19). O encontro teve por objetivo explicar a importância e os
objetivos do Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Agentes
Respiratórios em Crianças e Adolescentes (TB PED PROADI-SUS) liderado pelo
Hospital Moinhos de Vento em parceria  com o Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

“Sabemos a relevância da tuberculose. O
levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstrou que mais de 10
milhões de pessoas foram acometidas pela doença em 2021. E o Brasil continua
figurando entre os 30 países de maior incidência”, ressaltou a gerente médica
do Hospital Moinhos de Vento, Juçara Gasparetto Maccari.

A médica se diz
orgulhosa por ver o hospital liderar um projeto com essa importância para a
saúde pública do país.   

A líder operacional do projeto TB PED,
Marcia Polese Bonatto, explicou que as crianças têm poucas bactérias e isso
dificulta o diagnóstico da tuberculose. “O TB PED propõe, por meio da coleta de
escarro induzido, qualificar a amostra pediátrica com possível aumento de
sensibilidade nos testes laboratoriais, desta forma, auxiliando no aumento do
diagnóstico da tuberculose”, destacou.

O estudo conta com a participação de 22
centros recrutadores, distribuídos entre as regiões Sul, Sudeste, Norte e
Nordeste do Brasil. São convidados da pesquisa menores de 15 anos. Até o
momento, mais de 120 participantes foram recrutados. 

Treinamento de profissionais


A especialista acrescentou que, além das
grandes entregas em formato de pesquisa, com o recrutamento de participantes
nos estudos, o Projeto TB PED elaborou materiais educativos com o intuito de
qualificar profissionais de saúde e com impacto direto no SUS. O curso EAD
“Diagnóstico, tratamento e vigilância da infecção latente pelo Mycobacterium
tuberculosis (ILTB)” está disponível na plataforma eDX do Hospital Moinhos de Vento. No canal do YouTube do Hospital, também é possível conferir vídeos com as
técnicas necessárias ao diagnóstico. Todo material é gratuito e quem participa
recebe certificado após a conclusão. 

Desafios da doença

Em torno de 25% da população mundial pode
estar infectada por Mycobacterium tuberculosis com a chamada infecção
latente — que significa que a doença não está ativa — e, ao longo dos anos,
esses indivíduos poderão desenvolver o quadro de tuberculose ativa. Segundo a
OMS, 15% dos casos devem acontecer ainda na infância. A tuberculose afeta
desproporcionalmente alguns grupos sociais, estando muito relacionada à pobreza
e aos pacientes imunodeprimidos, pontuo a técnica do Programa Nacional de
Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Fernanda Dockhorn Costa. “Mas
as crianças são um grupo específico e vulnerável, que é desfavorecido no
contexto do diagnóstico e do tratamento. Por ser uma doença tão silenciosa e de
difícil acesso, acaba sendo negligenciada”, afirmou. 

Um dos principais pontos de atenção
destacados pelo professor do Departamento de Pediatria da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), Clemax Couto Sant’Anna é a diminuição progressiva da
vacinação da BCG entre os nascidos vivos no país. “A vacinação é algo muito
importante, porque ela previne o avanço da doença para os casos mais graves. No
entanto, ao longo dos anos, a adesão tem sido menor. Chegamos ao patamar de
apenas 56% vacinados”, alertou. Em relação ao diagnóstico, de acordo com o
especialista, hoje ele é feito pela avaliação clínica, de forma geral. Mas o
médico projetou que o estudo trará uma contribuição mundial importante para o
combate à doença, e não apenas para o Brasil.