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Academia de Medicina se posiciona contra fosfoetanolamina

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A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, entidade que reúne alguns dos mais eminentes profissionais da área médica, divulgou nesta terça-feira um documento oficial sobre a fosfoetanolamina.

Fruto de debate ocorrido na última reunião da Academia, o texto critica o uso da substância em pacientes com câncer — nas últimas semanas, centenas de doentes foram à Justiça para ter acesso à molécula, que não foi testada e não tem efeito e segurança comprovados.

A entidade também critica o poder público por dedicar recursos ao estudo de uma droga que, no entendimento dos acadêmicos, não é promissora. O documento faz referência aos R$ 10 milhões destinados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação à pesquisa com a fosfoetanolamina.

No Rio Grande do Sul, por interferência do deputado estadual Marlon Santos (PDT), o governo Sartori decidiu desenvolver a substância no Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs), com vistas à produção de um medicamento — a primeira vez na história em que o órgão realizada um trabalho desse tipo.

— A intervenção do governo do Estado é lamentável. Assumiram um papel que não compete a eles. O certo seria fazer uma consulta à comunidade científica, a órgãos sérios. Não dá para perguntar para um amigo, tem de ir às instituições, perguntar o que a UFRGS acha, o que a PUCRS acha — afirma Gilberto Schwartsmann, vice-presidente da Academia Sul-Rio-Grandense, membro da Academia Nacional de Medicina e um dos principais pesquisadores de câncer no país.

Veja o documento divulgado pela instituição:

POSIÇÃO DA ACADEMIA SUL-RIO-GRANDENSE DE MEDICINA SOBRE A FOSFOETANOLAMINA

A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina é contrária ao uso da substância fosfoetanolamina em pacientes com câncer, enquanto não forem confirmadas sua segurança e eficácia em estudos científicos exigidos por nossa legislação.

Até o presente, não há informações suficientes sobre seus riscos e efeitos terapêuticos. As descrições de efeitos benéficos em pacientes com câncer nunca foram confirmadas por métodos científicos e não atendem as exigências da ANVISA. Pelas mesmas razões, não há justificativa para que a substância seja fornecida a pacientes pela via judicial.

A população tem sido levada a crer na existência de efeitos terapêuticos milagrosos produzidos por esta substância no câncer. Contudo, nenhum pesquisador reconhecido ou entidade dedicada à pesquisa no Brasil considera seus efeitos verdadeiros ou sequer promissores.

Além disto, a comunidade cientifica brasileira em momento algum defendeu a necessidade de dar a esta substância prioridade para desenvolvimento. Ao destinar, de forma arbitrária, dez milhões de reais dos cofres públicos para estudos com esta substância, o executivo causa estranheza nos meios acadêmicos, submetidos a cortes expressivos no financiamento de programas de pesquisa.

A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina tem como missão salvaguardar a excelência médica em nosso Estado. Ciente de seu compromisso, recomenda que a população evite o uso da fosfoetanolamina, enquanto não surgirem dados científicos que justifiquem sua utilização.