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Bruna Rodrigues fala sobre desafios das mulheres negras no parlamento gaúcho

Foto: Paulo Garcia
Foto: Paulo Garcia

Em seu primeiro Grande Expediente, realizado nesta quinta-feira (16), a deputada Bruna Rodrigues (PCdoB) falou de sua jornada até chegar à Assembleia Legislativa. Mesclando aspectos de sua trajetória pessoal e de sua caminhada política, a parlamentar, que integra a primeira bancada negra do Poder Legislativo, revelou as motivações, os obstáculos e os desafios que tem pela frente num parlamento, majoritariamente, masculino e branco.

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Filha de uma gari, ela não nega que sua origem de classe define os propósitos que adota como eixos de seu mandato.

“Sou filha de uma gari, que segue trabalhando na Capatazia da Zona Norte, e de políticas públicas, sem as quais não estaria aqui. Sou a prova de que as políticas públicas dão certo. E, por entender a importância que elas têm, serão centrais em nosso mandato”, anunciou.

O interesse pela política surgiu a partir de uma passagem da ex-deputada Manuela d´ Ávila (PCdoB) pela Vila Cruzeiro, na periferia de Porto Alegre, onde Bruna residia.

“Tinha 16 anos e amamentava minha filha sentada no cordão da calçada, quando passou aquela jovem sonhadora falando que era possível mudar e que a política era um instrumento para isso. Um ano depois, liguei para o gabinete da Manuela pedindo para ela voltar à comunidade”, contou.

A partir daí, a parlamentar cumpriu agendas de lutas simultâneas. Ao movimento por vagas em creches associou a defesa do direito à moradia e o combate à violência de gênero e ao racismo. Foi diretora da União da Juventude Socialista (UJS) e da União dos Moradores de Porto Alegre (UAMPA) e dirigente do PCdoB, partido ao qual se filiou em 2005. Em 2020, chegou à Câmara de Vereadores da capital e em 2022 foi eleita deputada estadual.

“Foi uma caminhada coletiva que garantiu a eleição da primeira bancada negra do parlamento gaúcho. E com a gente chega também o nosso povo, que clama por respeito e por políticas públicas”, ressaltou.

Na Assembleia Legislativa, a parlamentar terá como principais desafios a “desconstrução do racismo estrutural”, por meio de políticas públicas, e a democratização do orçamento público. Em sua opinião, o racismo estrutural representa um verdadeiro flagelo, expresso no assassinato de um jovem negro a cada 23 minutos no Brasil, que precisa ser enfrentado pelo Poder Público.

Quanto ao orçamento, considera que “se ele não atender quem mais precisa não pode ser considerado público”. Ela cita como exemplo o fato de os orçamentos estadual e federal não destinarem recursos para atender acabar com a pobreza menstrual, que atinge uma em cada quatro alunas das escolas públicas do país.

“É inadmissível que ainda hoje as meninas tenham que utiliza miolo de pão ou meios similares para conter o fluxo. Soluções para problemas como este devem sim ser contemplados pelo orçamento público”, defendeu.

O Grande Expediente foi acompanhado por dirigentes partidários, ativistas do movimento negro e militantes da UJS. A deputada Delegada Nadine (PSDB) e os deputados Adão Pretto (PT) e Mateus Gomes (PSOL) se manifestaram por meio de apartes.