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Ausência de Dilma Rousseff na abertura da Festa da Uva frustrou empresários e agricultores

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A ausência da presidente Dilma Rousseff (PT) na abertura da Festa da Uva, confirmada na terça num telefonema ao prefeito Alceu Barbosa Velho (PT), frustrou empresários e agricultores. Em meio a crise econômica e política, as classes exigem auxílio do governo federal para investimentos e garantias para os negócios, demandas que seriam encaminhadas diretamente a Dilma em Caxias.

Presidente da Comissão Interestadual da Uva e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, afirma que a presidente daria ânimo aos agricultores, afetados pela quebra da safra. Também seria uma forma de estreitar a busca por soluções para as demandas do setor. As principais delas, de acordo com o Schiavenin, são o pagamento da parte que cabe ao governo federal do seguro rural, e a prorrogação dos prazos de financiamentos. A queda de 70% na safra da uva em 2015 trouxe prejuízos aos trabalhadores e reflete nas condições de vida das famílias que dependem da agricultura. O presidente estima que mais de R$ 60 milhões deixaram de entrar no orçamento dos safristas no ano passado.

— Vários agricultores não terão condições de pagar os empréstimos que fizeram para compra de equipamentos e insumos. Esperávamos a Dilma para que ela nos desse atenção, que viesse para nos trazer uma notícia boa. Lamento muito que ela não venha — completa Schiavenin.

Nelson Sbabo, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), estava esperançoso com os anúncios que poderiam ter vindo com Dilma. Diante das dificuldades no mercado, o empresário esperava que a presidente trouxesse novidades, principalmente em relação ao crédito dos financiamentos das indústrias:

— Sabemos que o país está exaurido com as finanças, mas há sempre a expectativa por melhorias. Esperava que ela viesse trazer um alento às dificuldades que enfrentamos. Também seria uma maneira dela mostrar para todos que desce do pedestal e não fica somente em Brasília, atenta aos problemas de lá.

A presença de um presidente da República é um dos atos que dá mais força à história da Festa da Uva. Mesmo assim, o presidente da Festa, Edson Néspolo, não vê grandes prejuízos nesta 31ª edição. Embora tivesse a expectativa da presença da petista quinta, ele acredita que o crítico momento econômico e político do Brasil pode ter influenciado na decisão:

— Claro que daria visibilidade para Festa, assim como aconteceu com todos os presidentes que já vieram. Perdemos divulgação, mas só. Não vamos parar a vida. A Festa da Uva vai ser aberta da mesma forma e, se depender dos nossos esforços, será um sucesso. Dilma aqui poderia ouvir as angústias e os problemas da nossa cidade, grande polo metal-mecânico do país. Lamentamos, mas respeitamos.

Ainda não há confirmação do Palácio do Planalto sobre quem representará Dilma em Caxias. Ontem, a informação era de que o Ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, havia sido escolhido. O deputado Mauro Pereira (PMDB) convidou o vice-presidente da República, Michel Temer, para participar da Festa da Uva. Ele não confirmou presença. O prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) entrou em contato com o assessor da presidente da República, Álvaro Baggio, mas também não sabe quem virá.

— Não sei realmente se alguém virá, mas mesmo assim não será o momento para reivindicar projetos. É o momento para celebrar a Festa da Uva. Além do mais, Caxias já ganhou com a expectativa da vinda da Dilma: o loteamento Campos da Serra ficaria pronto só em março, mas antecipamos para caso ela viesse para inaugurar — completa o prefeito.

Um dos políticos caxienses que articulou a visita da comissão da Festa em Brasília, Pepe Vargas (PT) acredita que o pouco tempo para montar a logística da viagem da presidente foi o principal motivo. O político afirma que possíveis manifestações contra o governo federal não influenciaram na decisão.

— Ela não deixa de ir a lugar nenhum temendo manifestantes. Dilma veio na edição passada para Caxias, ela conhece a Festa — emenda Vargas.