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Alan Fonteles quer entrar para a história e esquecer polêmica

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Em entrevista na tarde desta segunda-feira (03.09), em Londres, o campeão dos Jogos Paralímpicos na prova de 200m T44, Alan Fonteles, afirmou que pretende fazer história no atletismo paralímpico. O bolsista do Ministério do Esporte falou sobre seu treinamento e sobre os sacrifícios e privações que teve de encarar para chegar ao lugar mais alto do pódio. Em relação às declarações polêmicas do sul-africano Oscar Pistorius, derrotado pelo brasileiro, Alan procurou colocar panos quentes no episódio.

Uma multidão de jornalistas aguardava, do lado de fora da Stratford Station, o jovem de 20 anos que assombrou o mundo e superou Pistorius, até então imbatível nos 200m. Com jeito tímido e declarações firmes, o bolsista parecia ainda tentar acreditar em seu feito. “Saí do estádio por volta da 1h da manhã e fui dormir depois das 3h30. Não tenho palavras para descrever a alegria que estou sentindo”, afirmou.

Aos 16 anos, Alan esteve nos Jogos Paralímpicos de 2008, em Pequim, e conquistou a prata no revezamento 4x200m. Para alcançar o sonho do ouro, foi para São Paulo treinar. “Quando ganhei a prata em Pequim, eu disse que iria treinar durante quatro anos para ganhar a medalha de ouro aqui em Londres”, comentou.

Ao ser questionado sobre Oscar Pistorius, Alan admitiu estar um pouco decepcionado com as declarações do ídolo – que creditou o resultado à nova prótese utilizada pelo brasileiro –, mas afirmou que isso já faz parte do passado. “Ninguém gosta de perder. Não sei se reagiria como ele, mas com certeza ficaria abalado como ele ficou.”

Para o medalhista, a simples troca de uma prótese não é capaz de melhorar ao extremo o desempenho do atleta: “Eu vinha conquistando boas marcas desde o ano passado. Não é simplesmente por uma prótese e sair correndo. É muito treinamento e dedicação”. Alan lembrou também a prova final, quando teve uma arrancada espetacular e ultrapassou Pistorius quase na linha de chegada. “Pistorius disse que nunca viu ninguém correr daquele jeito na reta. Posso dizer que treino muito essa parte da prova e, quando entrei nos 100 metros finais, sabia que a reta seria minha.”

Prótese
A polêmica teve início quando Oscar Pistorius declarou que algumas próteses estariam deixando atletas muito altos e com vantagens. Após a final de domingo (02.09), o sul-africano voltou a polemizar. Nesta segunda (03.09), após reunião com o Comitê Paralímpico Internacional (CPI), pediu desculpas pelo momento das declarações, mas não quanto ao teor delas. “Eu jamais iria diminuir o momento de triunfo de outro atleta. E quero me desculpar pelo momento em que fiz meus comentários, após a corrida”, afirmou. “creio que existe um problema aqui e saúdo a oportunidade de discuti-lo com o CPI. Mas reconheço que levantar essas preocupações imediatamente ao sair da pista foi um erro. Aquele foi o momento de Alan e eu gostaria de deixar registrado que tenho respeito por ele.”

Para o coordenador técnico do atletismo brasileiro nas Paralimpíadas, Ciro Winckler, a troca da prótese teve explicação técnica e não o objetivo de gerar algum tipo de benefício. “Ele é um adolescente que está virando adulto e procuramos escolher o momento certo para não afetar a coordenação motora dele”, explicou.

Winckler explicou que Alan Fonteles passou a utilizar as próteses de fibra de carbono em 2008, com 16 anos, e elas precisavam ser trocadas. Há dois meses, passou a usar um prótese que o deixava 5cm mais alto. “Ele cresceu e precisava de novas próteses. Fizemos tudo de acordo, no tempo certo e sem pensar em causar prejuízo para ninguém.”