Em junho, alunas do curso de agroecologia da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) desenvolveram diversas atividades no município. Entre as ações estava o projeto de pesquisa e extensão “Fortalecimento da Agricultura Familiar no Território da Zona Sul do Rio Grande do Sul” que promoveu a reflexão sobre os cultivos sustentáveis e a conservação das espécies através do uso de sementes crioulas, fortalecendo a agricultura familiar da região e contribuindo para a formação de agroecólogos, integrando conhecimentos tradicionais como soberania alimentar, conservação genética e espécies regionais, garantindo a autonomia dos agricultores familiares locais.
Envolvimentos das alunas
Daiana da Silva Oliveira e Thais de Souza Janson Prudente Correa foram algumas das alunas que realizaram atividades de estágio no projeto ‘Fortalecimento da Agricultura Familiar no Território da Zona Sul do Rio Grande do Sul’, na Praça Dedê Serpa, onde coordenaram a exposição de um banco de sementes crioulas, que incluiu sete espécies de cultivares, quatro variedades de feijão, sete de milho, duas de amendoim, três de fava, uma de ervilha, uma de trigo e uma de girassol.
“O banco vem sendo construído em conjunto com os feirantes e agricultores de base familiar do município em parceria com a Cooperativa União. Durante as exposições, falamos com a comunidade sobre a importância das sementes crioulas para a manutenção de espécies, soberania alimentar e autonomia dos agricultores e guardiões das sementes crioulas, e também sobre técnicas, tradições de conservação e multiplicação dessas sementes”, explicou Daiana.
O projeto envolveu exposições, troca de experiências e de sementes, além de demonstrações de técnicas de manejo e cultivos, promovendo um diálogo contínuo com a comunidade local.
Thais compartilhou sua motivação ao participar do projeto. “Fui convidada com a proposta de compartilhar o conhecimento e a importância do cultivo, conservação e armazenamento dessas sementes crioulas, gerando conhecimento sobre as variedades genéticas, sua importância para a biodiversidade e a segurança alimentar”.
Parceria
O projeto das ‘Abelhas sem ferrão’ representado pelas alunas Júlia Graziela Puntel (bolsista do projeto) e Luana Griep Bohmer também fez parte das atividades, visando a educar a comunidade, como diversos alunos das escolas do município sobre o papel essencial das abelhas na sustentação da vida.
“Essas abelhas são as melhores polinizadoras, tanto de espécies de plantas nativas quanto de culturas agrícolas como morango, pimentão, acerola, pêssego, maçã, açaí, limão, berinjela e amora”, explicou Júlia.
Dentro do projeto foram desenvolvidos materiais didáticos informativos para a comunidade lourenciana, oferecendo também suporte técnico para interessados, incluindo identificação de espécies, montagem de iscas de captura, construção de caixas e cuidados gerais com as abelhas sem ferrão.
“Este projeto é de suma importância para que a comunidade obtenha conhecimento da existência destas espécies e do trabalho essencial que realizam, a polinização”, acrescentou Júlia.
O projeto também disponibilizou sementes de girassol mexicano, urucum, mosquitinho e girassol comum, que florescem no inverno, além de degustações de mel, amostras de cera, própolis e geoprópolis. Além disso, foram apresentadas caixas didáticas, sugadores de mel e outros recursos educativos.
“Temos material de apoio, jogo da memória de flores importantes para nossas amigas e um hotel de abelhas solitárias, aquelas que não fazem mel, mas é graças a elas que comemos melancia, melão, abóbora, moranga e maracujá. Temos nosso Instagram e Facebook onde também fazemos publicações sobre o assunto e foi através destes que fizemos muitos contatos”, disse Júlia.
As alunas também construíram um espaço para criação de abelhas sem ferrão no prédio 1 da FURG-SLS, onde há criação de mandaçaia e mirim guaçu. Devido ao frio, as colmeias foram levadas para a casa das integrantes para cuidados especiais.
Para Luana, “é gratificante chegar na feira e ver a interação dos agricultores e da comunidade lourenciana querendo entender mais sobre as abelhas sem ferrão”. A aluna ainda disse que essa troca de conhecimento é enriquecedora, pois além de ensinar, as alunas também aprendem com quem também tem experiência no assunto.
Por fim, Luana destacou o sucesso da caixa didática apresentada na feira. “Muitas pessoas nunca tiveram acesso e nem sabiam como são as características de uma colônia de abelha sem ferrão. Ver o encantamento e o interesse das pessoas ao entrar em contato conosco é incrível”.