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Artigo

Amor enlatado: Uma declaração para o meu Fusca….

Uma carta de amor
Amor enlatado: Uma declaração para o meu Fusca. Foto: Rodrigo Seefeldt
Amor enlatado: Uma declaração para o meu Fusca. Foto: Rodrigo Seefeldt

Por Rodrigo Seefeldt

Quando te vi, primeiramente minhas pernas tremeram de tanta felicidade. Não tive dúvidas de que te levaria comigo. O coração acelerou e os olhos chegaram a secar, de tanto brilhar.

Naquele momento, tive a certeza de que era amor, embora dissessem que quando o amor bate em uma porta, a outra se fecha. Alguns amigos pensavam e até tinham certeza de que eu estava ficando louco.

Era na verdade uma relação especial em que o amor estava sendo descoberto, mesmo que a situação não fosse das melhores para quem estava recebendo o meu amor. Principalmente pela sua idade e tempo de vida. Imaginavam que eu não seria correspondido.

A descoberta do amor é mágica, mas no meu caso eu realmente tinha dúvidas se um dia iríamos andar juntos, curtir a vida e desbravar novos lugares. Em minha mente e planos teríamos que ter esses momentos de consagração.

Realmente, a primeira tentativa foi frustrada. Não andávamos, parecia que nossa relação estava arriada e na verdade estava com os pneus furados. Parecia que algo estava tão enferrujado em seu coração que não estava disposto a sentir o vento da paixão pela vida novamente. Frustrei-me e até duvidei do amor.

Passou algum tempo e tentamos novamente. Agora eu tinha me preparado, levado presentes e apetrechos que pudessem dar liga ao nosso amor. Novamente tentávamos sair dali, era uma situação complicada, buscava tocar seu coração e lhe convencer que valeria a pena andarmos juntos.

De repente seu coração pulsa, na verdade era seu motor, que estava descobrindo mais uma vez como era bom reviver. Era o seu grito de vida nova, recebendo meu amor e possivelmente de tantas outras pessoas que lhe encontrariam nesse novo ciclo.

Esse amor repentino, forte e duradouro me acertou em cheio, bem no mês de maio (2015) e dizem por aí que é o mês dos casamentos. Foi um amor avassalador, me fez cometer loucuras e devaneios.

Sim, esse amor foi pelo meu Fusca 1971, que apelidei de Amadinho. Ele, que estava parado e com os pneus furados quando nos encontramos pela primeira vez. A situação era crítica. Na primeira tentativa de andar com ele, não deu certo. Arrependi-me. Logo voltei, junto com um alicate e um arame, e desta vez o motor funcionou e saímos juntos a desbravar o mundo. A partir daí o amor aconteceu em um mundo pequeno e enlatado.

*Escritor do livro “As Aventuras do Fusca Amadinho” e integrante do CEL – Centro de Escritores Lourencianos.

**Texto originalmente publicado no livro “As Aventuras do Fusca Amadinho” em 2023 pela Pragmatha Editora.

Tags: dia dos namorados