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Após passar mal, Leandro Boldrini deixa o fórum de Três Passos

Foto: Airton Lemos | Acústica FM
Foto: Airton Lemos | Acústica FM

Após passar mal, o réu Leandro Boldrini deixou o fórum de Tres Passos ao meio-dia desta terça-feira. Boldrini precisou de atendimento médico porque teve uma queda de pressão conforme ressaltou a defesa representada pelo advogado, Ezequiel Vetoretti. Leandro Boldrini foi encaminhado ao Presdídio de Ijuí e deve retornar amanhã. O reú apresentou atestado para poder se ausentar.

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Pela manhã prestou depoimento, a delegada que atuou no caso, Cristiane Braucks. Em um depoimento longo voltou a reforçar que a relação entre Boldrini e o filho era ruim e que  Bernardo era muito carente. Em um dos pontos mais fortes da suas falas,  Cristiane aponta que houve um acordo entre os outros réus do processo para inocentar Leandro Boldrini do Crime. As defesas dos réus teriam elaborado o acordo:

 “[…] ele iria bancá-las financeiramente. A princípio, a Edelvânia (Wirganovicz, amiga de Graciele) tinha um salário pequeno, acredito. Ela trabalhava na Coordenadoria da Saúde, e a Graciele, a princípio, não teria renda, um salário específico”,  respondeu a delegada ao promotor Miguel Podanosche.

A delegada disse que chegou a essa  conclusão no inquérito da Morte de Bernardo por meio de escutas telefônicas dos familiares de Boldrini, mas que esse procedimento não foi realizado em conversas entre advogados porque é ilegal.

A policial revela também que 

Edelvania Wirganovicz ao prestar depoimento na época do crime, afirmou que Graciele, a madrasta do menino, disse a ela que Boldrini não teria conhecimento sobre a intenção da madrasta de matar Bernardo, mas que depois Boldrini ficaria aliviado quando soubesse. Ainda respondendo os questionamentos do Ministério Público, a delegada Cristiane disse que Edelvânia, que auxiliou no crime, sabia da compra do medicamento Midazolam, e que na época a polícia oficiou a farmácia que vendeu o remédio. A compra estava registrada no nome de Edelvania e a receita e tinha um carimbo com a assinatura de de Leandro Boldrini, motivo de grandes discussão entre acusação e defesa.


RELEMBRE O CASO

Bernardo desapareceu em 4 de abril de 2014. Seu corpo foi encontrado 10 dias depois, enterrado em uma cova vertical dentro de uma propriedade às margens de um riacho na cidade vizinha de Frederico Westphalen. No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, foram presos por serem, respectivamente, o mentor intelectual e a executora do crime. A amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, também foi presa por ajudar no assassinato. Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi preso por ser quem preparou a cova onde o menino foi enterrado. Os quatro réus foram condenados em 2019, mas o júri de Leandro foi anulado em dezembro de 2021.

Como aconteceu 

O assassinato de Bernardo teve início em Três Passos, por volta das 12h, e terminou com sua execução, às 15h do mesmo dia, em Frederico Westphalen. Graciele, a pretexto de agradar o menino, o conduziu até Frederico Westphalen. Ao iniciar a viagem, ainda em Três Passos, deu ao enteado midazolam – medicação de uso controlado – sob argumento de que era preciso evitar enjoos. Em seguida, já na cidade vizinha, Graciele e Bernardo se encontraram com Edelvânia, amiga da madrasta. Os três seguiram para local antecipadamente escolhido na Linha São Francisco, distrito de Castelinho, próximo a um riacho, onde a cova foi aberta dias antes por Evandro.

Dando sequência ao crime, Graciele, sempre com integral apoio moral e material de Edelvânia, mais uma vez enganando a vítima, agora a pretexto de lhe dar uma “picadinha”, para ser “benzida”, aplicou em Bernardo injeção de midazolam em quantidade suficiente para lhe causar a morte, conforme laudo pericial que atesta a presença do medicamento no estômago, rins e fígado da vítima. O menino acabou morto por uma superdosagem de medicamento.

Segundo a denúncia, o médico Leandro Boldrini, com amplo domínio do fato, interessado no desfecho da ação, concorreu para a prática do crime contra seu próprio filho como mentor e incentivador da atuação de Graciele. Ele participou “em todas as etapas da empreitada delituosa, inclusive no que diz respeito à arregimentação de colaboradores, à execução direta do homicídio, à criação de álibi, além de patrocinar despesas e recompensas, bem como ao fornecer meios para acesso à droga midazolam, utilizada para matar a vítima”. Depois de matar e enterrar o filho, Leandro fez um falso registro policial do desaparecimento de Bernardo para que ninguém descobrisse o crime.

A motivação

Leandro e Graciele não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dela, Odilaine (falecida em 2010), e o consideravam um estorvo para o novo núcleo familiar. O casal ofereceu dinheiro para Edelvânia ajudar a executar o crime. Bernardo, não sabendo do plano, aceitou, no dia em que foi morto, ir até Frederico Westphalen com a madrasta.

A situação dos demais réus

Graciele Ugulini – condenada a 34 anos e 7 meses de reclusão em regime inicial fechado, está presa no Presídio Feminino Madre Pelletier com previsão de progressão para o semiaberto em 2026

Edelvania Wirganovicz – condenada a 22 anos e 10 meses de reclusão em regime inicial fechado, cumpre pena no regime semiaberto no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre

Evandro Wirganovicz – condenado a 9 anos e 6 meses em regime semiaberto e atualmente em liberdade condicional

Com apoio do MP-RS e TJ-RS