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Argentina sob Milei recua após classificar deficientes como “idiotas”

Resolução foi erro derivado de conceitos obsoletos, diz agência
Argentina sob Milei recua após classificar deficientes como “idiotas”
Argentina sob Milei recua após classificar deficientes como “idiotas”. Foto: Reprodução/Getty Images

Resolução da Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (Andis) da Argentina, publicada nesta quinta-feira (27), causou revolta entre entidades e famílias de pessoas com deficiência intelectual por ter classificado essas pessoas pelos termos “imbecil”, “idiota” e “débil mental” de acordo com o grau da incapacidade cognitiva.

Após a repercussão negativa, a entidade que cuida do tema, sob a gestão do governo de Javier Milei, afirmou que a resolução publicada no Diário Oficial do país foi um erro derivado do uso de conceitos obsoletos e que a resolução será refeita.

“Os regulamentos incluíam um anexo contendo termos que historicamente foram usados ​​na medicina psiquiátrica para descrever graus profundos de déficit intelectual, mas que agora foram descontinuados”, informou a Andis.

A resolução publicada pelo governo Milei descrevia os critérios para classificação do grau de deficiência intelectual para a concessão de benefícios para pessoas com incapacidade para o trabalho.

Segundo a norma, ainda em vigor, o “idiota” é aquele que “não lê, nem escreve, não conhece o dinheiro”, além de “não atender suas necessidades básicas, não conseguir subsistir sozinho”. Já o “imbecil” seria aquele que “atende suas necessidades elementares, podem realizar tarefas rudimentares”.

O documento classifica ainda o “débil mental” como leve, moderado e profundo, sendo o profundo aquele que “somente assina, tem vocabulário simples, não maneja dinheiro, pode realizar tarefas rudimentares”.

Por meio denotaa Associação Síndrome de Down da Argentina (Asdra) repudiou a mudança na classificação realizada pelo governo de Milei. Para a entidade, a classificação é discriminatória e estigmatizante contra as pessoas com deficiência intelectual.

“Essas expressões, além de inaceitáveis ​​do ponto de vista ético e de direitos humanos, reforçam preconceitos e concepções arcaicas que violam a dignidade das pessoas com deficiência intelectual. Essas são expressões introduzidas em 1912 e substituídas há mais de 70 anos”, destacou a associação argentina.

Governo Milei

Desde que assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, Javier Milei tem implementado uma série de reformas que prometem transformar a economia do país. Conhecido por seu estilo polêmico e suas ideias libertárias, Milei buscou reduzir o tamanho do Estado e cortar gastos públicos, medidas que, segundo ele, são essenciais para combater a inflação e estimular o crescimento econômico. A sua proposta de dolarização da economia gerou debates acalorados, dividindo opiniões entre os que acreditam que essa é a solução para os problemas financeiros da Argentina e os que temem as consequências de uma mudança tão drástica.

No campo social, o governo Milei enfrenta desafios significativos. A implementação de cortes em programas sociais e subsídios tem gerado protestos e resistência por parte de setores da população que dependem desses auxílios. O presidente defende que essas medidas são necessárias para estabilizar a economia a longo prazo, mas a pressão popular aumenta à medida que a próxima eleição se aproxima. A insatisfação popular pode influenciar a estratégia do governo, que busca equilibrar a necessidade de reformas com a manutenção do apoio popular.

À medida que se aproxima a eleição popular de 2025, a administração de Milei se vê em um momento crucial. A capacidade do governo de comunicar os benefícios de suas políticas e de responder às preocupações da população será fundamental para garantir a continuidade de seu projeto político. O cenário político argentino, marcado por incertezas e polarizações, promete ser desafiador, e a forma como Milei navegará por essas águas turbulentas poderá determinar não apenas seu futuro, mas também o da Argentina nos próximos anos.

Fonte: Agência Brasil

 

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